O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apresentou denúncia nesta segunda-feira (12/8) contra um homem de 26 anos, acusado de atropelar e matar o motociclista Clenilton Lemes Correia na madrugada do dia 9 de junho. O acidente ocorreu na rodovia GO-020, nas proximidades do Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. O promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, da 29ª Promotoria de Goiânia, é o responsável pelo documento.

De acordo com a denúncia, o motorista, após consumir bebida alcoólica em cinco estabelecimentos diferentes ao longo do dia e da noite anterior, dirigia um veículo Mercedes-Benz em alta velocidade quando atingiu a motocicleta de Clenilton. O impacto foi tão violento que a vítima e sua moto ficaram presas ao carro, sendo arrastadas por quase 90 metros na rodovia. As lesões causadas pelo acidente foram fatais para o motociclista.

A denúncia detalha que, após o impacto, o motorista teria dirigido em zigue-zague na pista, numa tentativa de desprender a vítima e a motocicleta do veículo. A estratégia funcionou, e tanto Clenilton quanto a moto foram lançados a vários metros de distância. Apesar disso, o condutor do Mercedes-Benz não parou para prestar socorro. Ele fugiu do local, deixando Clenilton gravemente ferido na pista.

Um outro motorista que passava pelo local avistou a vítima e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar. Apesar da rápida resposta dos serviços de emergência, Clenilton não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois.

Crime Qualificado por Meio Cruel

Na denúncia, o promotor Sebastião Marcos Martins caracteriza o crime como homicídio qualificado por meio cruel. Ele aponta que Clenilton foi arrastado pelo asfalto, sem qualquer chance de se defender, o que aumenta a gravidade do ato. Além disso, o promotor destaca que o motorista não freou em nenhum momento após o impacto, comportamento que, segundo ele, poderia ter evitado a morte do motociclista. “Ele deixou o local a fim de fugir às suas responsabilidades penal e civil. Ele não se dignou sequer a frear”, ressalta Sebastião Marcos Martins.

A acusação apresentada pelo MP-GO enquadra o motorista nas penas previstas no artigo 121 (homicídio), parágrafo 2º, incisos III e IV, do Código Penal. O documento também faz referência ao artigo 305 da Lei nº 9.503/97, que corresponde ao Código de Trânsito Brasileiro, devido à fuga do local do acidente sem prestar socorro à vítima.

Pedidos de Indenização

Além da denúncia criminal, o Ministério Público também solicita indenizações à família de Clenilton Lemes Correia. Em caso de condenação, o promotor requer uma indenização reparatória por danos materiais e morais em favor dos descendentes e do cônjuge da vítima. O valor dessa indenização deve ser calculado com base nos rendimentos que Clenilton recebia em decorrência de seu trabalho. Além disso, o MP solicita o ressarcimento das despesas com o funeral da vítima, estimadas em dez salários mínimos.

Relembre o Caso

O caso aconteceu na madrugada do dia 9 de junho, por volta das 5h40, na GO-020, próximo ao Alphaville Flamboyant, em Goiânia. Clenilton Lemes Correia, de 38 anos, era vigilante e estava a caminho do trabalho quando foi atingido por um Mercedes-Benz C180, dirigido por Antônio Scelzi Netto, de 25 anos.

Segundo informações da Polícia Militar, a motocicleta foi arrastada por vários metros após o impacto. A placa do carro do suspeito se desprendeu e ficou no local do acidente, enquanto a placa da motocicleta ficou presa ao para-choque do carro. Antônio fugiu do local e foi para sua casa em um condomínio de luxo. Ele teria deixado o carro no condomínio e se escondido em um galpão.

Durante a abordagem policial, Antônio se recusou a fazer o teste do bafômetro e foi preso em flagrante. O caso teve grande repercussão, gerando indignação pública pela violência do acidente e pela tentativa do motorista de fugir de suas responsabilidades.

Agora, com a denúncia formalizada pelo MP-GO, o caso avança para a Justiça, onde a família de Clenilton aguarda por justiça e a reparação dos danos sofridos.