Accorsi tenta romper barreira ideológica para vencer eleição em Goiânia
Delegada tenta pescar votos do eleitorado à direita para superar desafios. Cientista político, no entanto, avalia que apesar da eleição municipal não ser ideológica, o fato de ser petista “afeta sua capacidade de ampliar votação”
Thiago Borges
Com a confirmação de sua candidatura pelo PT, e com apoio de outros seis partidos, a delegada Adriana Accorsi busca a simpatia de outra parcela do eleitorado goiano. Dos candidatos à prefeitura de Goiânia, em suma, a maioria são perfis políticos voltados à direita. Pode-se dizer que, tirando Accorsi e o Professor Pantaleão (UP), todos os outros candidatos não possuem o “tipo progressista”.
Pelas declarações e falas à imprensa, percebe-se que para os postulantes ao Executivo o foco maior é propor melhorias a cidade. Porém, as questões ideológicas não podem ser descartadas e, em eventual segundo turno, pode ser um dos fatores determinantes para o desempate na corrida eleitoral. Accorsi tem o apoio de PT, PCdoB, PV, Rede Sustentabilidade, PSOL, PSB e PMB – partidos de esquerda e centro. Buscar votos dos eleitores do espectro ideológico contrário passa pelo seu perfil simpático, e por um distanciamento ao lulopetismo nacional.
Em entrevista recente ao jornal O Hoje, Accorsi afirmou: “A grande questão não será ideológica. A população está certa nesse sentido, ela precisa realmente escolher o prefeito ou a prefeita que mais tem condições de cuidar das pessoas, da cidade. Essa será a grande questão”. A fala de Accorsi é, além de dar enfoque nas proposições de cada candidato, uma tentativa de se afastar da “guerra ideológica”, pouco benéfica para a petista, levando em conta o perfil do eleitorado goianiense.
O cientista político Guilherme Carvalho, em conversa com o jornal O Hoje, disse que o avanço de Adriana entre o eleitorado de centro e centro-direita não é impossível, porém não é “sistemático”. Carvalho afirma que tende a não acreditar na questão ideológica como fator preponderante em uma eleição municipal. Entretanto, “depende se a eleição será nacionalizada ou não, ou seja, se os principais atores ideológicos da política nacional vão ser utilizados exaustivamente”, diz ele. O especialista acredita que a disputa eleitoral na capital deve passar por outros tópicos. “A polarização não será necessariamente uma polarização ideológica no sentido esquerda-direita”.
Nem tudo são flores. Guilherme também entende que o alcance de Accorsi é limitado. “O fato dela ser uma candidata do PT, e isso é algo que eu sustento na imprensa há muito tempo, limita a capacidade eleitoral dela. Isso é pacífico”, diz ele.
O cientista político completa exemplificando. “Se ela fosse uma candidata do MDB, por exemplo, ela conseguiria fazer essas articulações. Por ela estar no PT, tem uma limitação que vai da esquerda para o centro e dali não passa. Apesar de ter um amplo arco de partidos, a maioria são de esquerda. A eleição não tende a ser uma eleição ideológica, no entanto, o fato de ser petista afeta na capacidade de ampliar a votação dela”.
Limitado ou não, avançar entre o eleitorado que não está sob seu domínio será determinante para a candidata progressista, sobretudo em um eventual segundo turno. É fato dizer que, para os goianienses identificados com o campo da direita, Sandro Mabel (União Brasil), Vanderlan Cardoso (PSD) e Fred Rodrigues (PL) — prefeitáveis mais ao topo nas pesquisas, junto a deputada — são opções mais plausíveis em um confronto com Accorsi no pleito mano a mano. Logo, o poder de conversão desse eleitorado pode ser determinante para a vitória da petista nas urnas em outubro. (Especial para O Hoje).