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terça-feira, 13 de agosto de 2024
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Economia

Empresários influenciam mercado com novas expectativas econômicas

Pesquisa Firmus revela otimismo moderado e cautela entre empresários não financeiros sobre o cenário econômico e a inflação em 2024

Postado em 13 de agosto de 2024 por Alexandre Paes
Essa é uma ferramenta importante para entender as expectativas de crescimento econômico e os desafios futuros. Foto: José Cruz/ABr

Alexandre Paes 

Na tentativa de ampliar o leque de consultas que faz sobre o quadro econômico do país, o Banco Central buscará, a partir da Pesquisa Firmus, captar a percepção de empresas não financeiras em relação à situação de seus negócios e às variáveis econômicas que podem influenciar as decisões.

Ainda em sua fase piloto – e na busca por “avaliar a clareza e a eficácia de diferentes tipos e formulações de perguntas” –, o estudo observou que, em maio de 2024, o sentimento predominante desses empresários do setor não financeiro em relação à atual situação econômica do país é neutro (35,9%) ou discretamente positivo (33,7%). Para 28,3%, o sentimento predominante é discretamente negativo.

Perguntados sobre a expectativa para a taxa de crescimento real de seu setor em comparação à taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB), a maior fatia de empresários (34,8%) disse que ela está “discretamente acima” – ou seja, será maior do que o crescimento do PIB – a soma de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país.

Para 30,4%, ela estará em linha; para 17,4%, será “discretamente abaixo”; para 13%, “fortemente acima”; e para 4,3%, “fortemente abaixo”. Mais da metade dos empresários participantes do levantamento (51,1%) trabalha com a expectativa de que a taxa de crescimento real do PIB brasileiro de 2024 ficará na faixa dos 2%. Já em relação à inflação, 44,6% acreditam que ela fechará 2024 na faixa dos 4%.

O empresário Paulo Souza, do setor de construção civil, avaliou positivamente a iniciativa do Banco Central de ampliar as fontes de consulta para entender o cenário econômico. “É essencial que o Banco Central esteja atento às percepções de quem está no dia a dia do mercado. Isso nos dá a sensação de que estamos sendo ouvidos e que nossas preocupações podem, de fato, influenciar as decisões de política econômica,” destacou. Souza acredita que a pesquisa ajudará a identificar pontos críticos e oportunidades de crescimento.

Por outro lado, João Mendes, empresário do setor de varejo, expressou preocupação com a alta prevista no custo da mão de obra. “Para o nosso setor, um aumento de 4% a 6% nos custos de mão de obra pode significar uma necessidade de ajustar preços ou até mesmo de cortar margens. Isso é preocupante, especialmente se a demanda não acompanhar esse movimento,” afirmou Mendes, destacando que a margem de lucro projetada deve ser acompanhada de perto nos próximos meses.

Mão de obra e preços

O estudo também indicou que 46,7% dos empresários dos setores não financeiros estimam que o custo de mão de obra aumentará entre 4% e 6% nos próximos 12 meses. Para 34,8%, este custo crescerá entre 2% e 4%. E para 13%, a estimativa é de que o aumento do custo de mão de obra será superior a 6%.

Perguntados sobre a variação esperada para os preços de seus produtos, comparados com a inflação prevista para o período, 41,3% responderam que ela estará “em linha”, enquanto 32,6% disseram que os preços serão alinhados “discretamente acima” da inflação projetada. Para 16,3%, os preços ficarão “discretamente abaixo”, enquanto 6,5% e 3,3% acreditam que estará “fortemente acima” ou “fortemente abaixo”, respectivamente.

Já a economista Mariana Ferreira, da Universidade Federal de Goiás, destacou que a Pesquisa Firmus pode trazer uma nova camada de entendimento sobre as expectativas econômicas. “O que vemos nessa primeira análise é um otimismo moderado entre os empresários, o que reflete a complexidade do momento econômico atual. A expectativa de crescimento um pouco acima do PIB e a preocupação com a inflação mostram que os empresários estão cautelosos, mas ainda esperam avanços,” comentou Ferreira.

Com relação à margem dos resultados projetados para a empresa nos próximos 12 meses, a expectativa de 37% dos empresários consultados é de que ela esteja “em linha” com o resultado atual. Para 34,8%, o resultado ficará “discretamente acima”, enquanto 21,7% projetam resultados “discretamente abaixo” dos atuais. O mesmo percentual (3,3%) disse ter expectativa de resultados fortemente abaixo e fortemente acima dos atuais.

A pesquisa ouviu 92 empresários de setores não financeiros entre os dias 13 e 31 de maio de 2024. Segundo o Banco Central, ela será divulgada trimestralmente. Duas outras foram feitas em novembro de 2023 e fevereiro de 2024, mas, como todas, ainda estão na fase piloto, e houve mudanças metodológicas e revisões de questionários que inviabilizam uma comparação adequada dos dados obtidos. (Especial para O Hoje) 

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