Vazão do Meia Ponte entra em estado crítico após 110 dias sem chuva em Goiânia
Segundo informa o Cimehgo, nível da água ficou em 4,5 mil L/s pelas precipitações irregulares de 2023 e 2024
João Reynol
Após um ano, rio Meia Ponte segue com vazão abaixo da média do ano anterior pela estiagem prolongada com o fim do efeito climático do El Ninõ e a chegada do efeito inverso de La Ninã. Por causa disso, o nível do rio está em estado crítico 1 com vazão de 4500 litros por segundo (L/s), mas ainda dentro do nível de normalidade, o suficiente para cooperar no abastecimento juntamente com o reservatório João Leite. Atualmente, já faz 110 dias que os goianienses não presenciam chuva na Capital.
Segundo informações da Saneago, o rio Meia Ponte corresponde a cerca de 36% do abastecimento para Goiânia. Apesar do nível de alerta, a concessionária diz que o sistema do rio é interligado com o reservatório para que o abastecimento não seja interrompido com facilidade. Nestes casos, a água do reservatório será usada para abastecer bairros atendidos pelo Meia Ponte. Apesar disso, especialistas temem que as chuvas demorem para chegar.
De acordo com o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, o Brasil se encontra em período de transição do El Ninõ para o efeito La Ninã. Usualmente, o efeito entraria em vigor em meados de setembro, contudo, reporta uma demora no resfriamento das águas do Oceano Pacífico que levou as previsões para o final do mês de setembro e outubro. “Para a região Centro-Norte do País, o La Nina possui uma percepção de chuvas melhores, como ocorreu em 2020 a 2022”.
Contudo, como divulgado anteriormente, as chuvas irregulares de 2023 e do começo de 2024 contribuíram para um ambiente de baixa vazão de bacias em Goiás como a do rio Araguaia e a do rio Claro. Por causa disso, o nível da vazão de 2024 se manteve abaixo do ano de 2023 e deve seguir até o retorno das chuvas. Caso as águas do pacífico demorem para esfriar, André aponta para um La Nina de baixa intensidade. “O que tivemos foi um resfriamento seguido de um novo aquecimento das águas”, afirma.
Enquanto isso, a presidenta do Comitê de Bacias Hidrográficas da Bacia do Meia Ponte (CBH Meia Ponte), Elaine Farinelli, se mantém otimista que a vazão do rio não piore tão cedo. Caso ocorra a evolução para o estado crítico 2, o abastecimento de água será reduzido em cerca de 50% para as indústrias e agropecuários que usam as águas da bacia do rio. Enquanto isso, apostam em campanhas de educação para o não desperdício de água. “A economia do uso da água é algo que deve alavancado para toda a sociedade”
Sobre isso, a Saneago informa que Goiás possui uma taxa de água perdida do abastecimento em 25%, enquanto Goiânia segue com a taxa de 12,5%. Enquanto isso, a média nacional do limite de perda é de 37,8%.
Apesar do comité ser apenas de deliberação, conseguiram avanços junto a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em políticas públicas que podem ajudar na recuperação das águas. Como exemplo, a partir de 2024 as águas usadas pela indústria e agropecuária serão cobradas pela pasta para que o dinheiro seja reinvestido nas bacias em 2025, algo que não era taxado anteriormente. (Especial para O Hoje)