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sábado, 16 de novembro de 2024
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Emergência de Saúde

Monkeypox: OMS declara estado de alerta de saúde pública em nível global

A cobertura vacinal para o vírus é voltada principalmente para grupos específicos, considerados como vulneráveis

Postado em 16 de agosto de 2024 por Thais Teixeira
Os homens são os mais afetados pelo vírus, contabilizando mais de 90% dos casos | Foto: Iron Braz

Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou a Monkeypox como alerta de saúde pública em nível global, considerado como o mais alto da organização. O caso do mpox no continente africano foi considerado como uma emergência de saúde pública de importância internacional devido ao risco de propagação global.

O médico infectologista Marcelo Daher explicou que a doença é viral, transmitida de pessoa a pessoa, principalmente por gotícula e contato íntimo, o toque da pele íntegra com a lesão. A enfermidade causa febre, mal-estar, dor de cabeça e causa erupções no corpo, lesão na pele, que pode abrir e desenvolver uma ferida. Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, além do contato direto com secreções respiratórias, lesões de pele ou fluidos corporais, os objetos contaminados também podem disseminar a doença.

“O monkeypox espalha no corpo, se dissemina, podendo ficar restrita em alguns pontos de três a cinco locais, e pode ter uma disseminação mais difusa no corpo, principalmente em pacientes com imunidade prejudicada e aí pode ter uma forma mais grave, disseminação intensa”, afirmou  infectologista Marcelo Daher.

Desde o início de 2024 já foram registrados 709 casos no Brasil, o Ministério da Saúde divulgou que desde 2022, quando foi registrado o primeiro foco da doença no Brasil, até o atual ano, o Brasil registrou aproximadamente 12 mil casos confirmados com 16 óbitos, o Ministério ainda divulgou que desde 2023 foram vacinadas mais de 29 mil pessoas.

Em entrevista à Agência Brasil, Draurio Barreira, médico sanitarista e epidemiologista e  Diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, evidenciou que no Brasil, 91,3% das infecções de monkeypox no Brasil, se agrupam no sexo masculino, sendo que em 70% dos casos, o diagnóstico é aferido em homens com a faixa etária entre 19 e 39 anos.

“No sexo feminino, a gente teve um número 10 vezes menor do que entre os homens. Cerca de mil mulheres, também na faixa de adulto jovem”, destacou Draurio. Há, entretanto, um percentual alto de gênero não informado. “19% praticamente, o que diminui todos os outros percentuais. Mas homens cis são mais de 70%. Se a gente conseguisse informação desses 18,7% não informados, certamente teríamos uma distribuição maior entre homens cis”, declarou o diretor da Dathi.

Draurio também observou que homossexuais, homens heterossexuais e bissexuais, são classificados como mais vulneráveis. “Todos os esforços que a gente tem feito se concentram, prioritariamente, na população HSH [homens que fazem sexo com homens]. Não por acaso, a responsabilidade pela vigilância e atenção está no Departamento de Aids, Tuberculose, Hepatites e ISTs”, explicitou Draurio à Agência Brasil.

A cobertura vacinal, segundo o Ministério da Saúde,  abrange indivíduos infectados com HIV/aids (homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais), com idade igual ou superior a 18 anos, independentemente do status imunológico identificado por contagem de linfócitos TCD4; profissionais que trabalham diretamente com orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 2 (NB-2), na faixa etária de 18 a 49 anos; e indivíduos que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais durante.

Em relação ao tratamento do vírus, o infectologista Marcelo Daher explicou que não existe uma medicação específica para tratar o vírus e que hoje o monkeypox é tratado com medicação para aliviar os sintomas.

“O tratamento hoje é basicamente com sintomáticos, medicamentos para aliviar as dores e aliviar os sintomas da doença. Mas não tem tratamento específico para combater o vírus”, pontuou Marcelo.

A Ministra da Saúde, Nísia Trindade,  durante a instalação do COE-Mpox, declarou que não existe motivo para alarme, mas que é preciso se manter vigilante ao vírus.

“Este é, sim, um motivo de alerta, monitoramento e preocupação. Para isso, contamos com nossos sistemas de vigilância e os Laboratórios Centrais de Saúde Pública, que são essenciais nessa resposta. Contudo, é importante reforçar que não há motivo para alarme, como já mencionado em comunicados anteriores. Devemos permanecer vigilantes e seguir as recomendações disponíveis para lidar com essa emergência de importância internacional, considerando a presença do vírus no Brasil”, declarou. 

Governo reforça orientações para prevenção em todos os municípios

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Governo de Goiás aconselha a população em todos os municípios a manter cuidados contra a monkeypox. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). A recomendação é uma sequência desse alerta. A SES monitora e acompanha os casos, mas afirma que até agora há 84 notificações, 12 das quais foram confirmadas, e nenhum óbito foi registrado neste ano. Em 2023, foram 348 notificações; 101 casos foram confirmados e nenhum deles resultou em morte. 

“Goiás não vive o surto da monkeypox. Temos casos esporádicos, mas que não têm vínculo entre si”, garante a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, ao lembrar que o alerta da OMS se deve à identificação, na África, de uma nova variante, uma mutação do vírus original da mpox, que tem se apresentado mais letal e transmissível. Os casos verificados no estado não têm relação com essa nova variante. 

A superintendente garante que Goiás está atento e preparado, com capacidade para realizar exames e fazer a identificação precoce dos casos. No estado, a unidade de referência para a realização de exames de monkeypox é o Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO). “Precisamos estar vigilantes com os casos que aparecerem, apresentando sinais e sintomas da doença”, diz. 

Diagnóstico

Ainda segundo Flúvia, os primeiros sinais e sintomas da doença são o surgimento de erupções cutâneas (lesões, bolhas, crostas) de diferentes formas, em todo o corpo, incluindo rosto, palmas das mãos, plantas dos pés e órgãos genitais. “A partir do aparecimento dessas lesões, a pessoa precisa ficar atenta e procurar uma unidade de saúde, para fazer o diagnóstico”, recomenda Flúvia Amorim.

Ela explica que há casos em que a pessoa pode ter febre, dor de cabeça, inchaço dos gânglios linfáticos (íngua), dor nas costas, dores musculares e falta de energia. E que qualquer pessoa exposta ao vírus pode se infectar e desenvolver a doença, independentemente de idade, sexo ou outras características. Outra orientação da  superintendente é para que as pessoas com suspeita da doença devem manter o distanciamento. “O ideal é o isolamento, pois a doença também pode ser transmitida por meio das lesões, mesmo depois de secarem, por via aéreas e sexual”, finaliza.

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