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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Eleições 2024

Nas eleições de 2024, redes sociais serão ferramentas complementares

Cientistas políticos não veem as comunidades virtuais como únicas definidoras dos pleitos

Postado em 16 de agosto de 2024 por Felipe Cardoso
Foto: Divulgação

Felipe Cardoso e Francisco Costa

 

As redes sociais vieram para ficar. Existe um mundo antes e depois delas, e, claro, não podem ser desconsideradas no cenário eleitoral. Professor e cientista político, Guilherme Carvalho acredita que, neste ano, eles terão um “poder importantíssimo”, mas nada como o “boom” de 2018. 

“Será central nas estratégias. Ninguém pode ter uma rede social fraca se quiser ser competitivo, isso é um ponto. Mas isso não significa que você consiga fazer uma campanha bem sucedida apenas com rede social”, destaca.

De acordo com o professor, é preciso estar na rua e ter militância. “Você precisa ter lideranças, gente que bate de porta em porta e te ajuda a pedir voto. É preciso ter contato de rua. A política tradicional, a forma como é feita com lideranças. Ela ainda é muito efetiva e ainda é a forma tradicional de se ganhar eleição”, avalia.

Ele complementa apontando que cada vez mais é composta pelo trabalho de marketing digital, sendo executado de forma inteligente. Então, na análise de Guilherme, o papel das redes sociais em 2024 será complementar. “Ele não é o único, mas é complementar.”

 

Anos anteriores

Guilherme também foi questionado sobre os anos anteriores. 2018 ele reconhece como o “boom”, pois havia uma movimentação e uma militância sendo formada nas redes sociais desde o advento da jornada de junho de 2013. Estes culminaram em um bloco de insatisfação que se projetou em 2018. 

Já 2020 era um ano de pandemia e “não teria como ser diferente”, diz em relação à força das redes sociais. Contudo, 2022 mostrou a relevância, mas deixou claro que não era o único elemento colocado na mesa para o eleitor.

Sobre rádio e TV, que têm papel de apresentar os candidatos, Guilherme vê que, cada vez mais, essas serão substituídas. “Esse é um instrumento com pouca ou nenhuma relevância. Esse, de fato, 2018 derrubou.”

Em relação a este último, o também professor e cientista político Marcos Marinho tem uma visão diferente. Para ele, rádio e TV sempre terão relevância (enquanto existirem). “Principalmente se eu entender a diferença entre os públicos.” O analista cita que, no interior, esses são os principais veículos de consumo, por exemplo – especificamente o rádio.

“A televisão distribui conteúdo durante o consumo cotidiano da pessoa. Então, mesmo que a pessoa não tenha intimidade com o digital, a TV ela consome. Para ver novela, assistir jornal e, no meio disso, ela acaba sendo impactada pelas mensagens políticas.”

 

Principal player

Sobre o impacto em 2018, Marinho afirma que este ocorreu, pois o principal “player”, Jair Bolsonaro (PL), teve as redes sociais como meio de reverberação. “Não que ele tenha sido eleito pela internet, porque isso não aconteceu. Ele foi eleito por uma rede de pessoas que se engajou na campanha e fazia mobilização de rua, ações de rua com muita intensidade e reverberavam isso na web para dar volume para a campanha.”

Então, Marinho vê a força das redes sociais em 2018, principalmente porque Bolsonaro, por ter somente 8 segundos de TV, focou 100% nelas, obrigando outros candidatos a fazerem o mesmo. Assim como Guilherme, o professor justifica a presença forte em 2020 devido à pandemia. Já em 2022, que também teve Bolsonaro, o resultado não foi o mesmo de 2018.

“As redes vão ocupando espaço, mas não é esse espaço mítico e fantástico. É um espaço que possibilita quem quer falar e chegar até quem pode ter interesse em ouvir. Mas não é só abrir o perfil. Precisa identificar, mapear, segmentar, criar conteúdo interessante, direcionar, saber jogar com as ferramentas da plataforma, os algoritmos.”

 

Veredito

 

Por fim, Marinho vê as redes sociais como mais um canal de comunicação, que, se o candidato tem audiência, são excelentes meios para campanha.  Contudo, sem um trabalho prévio para alargar o público, a pessoa fica sem ter com quem falar. É preciso sequência, frequência e conteúdo interessante, além de entender o perfil do eleitorado e o algoritmo.

 

Por outro lado, redes sociais são alvo de principal preocupação 

 

O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) sediou, na última quinta-feira, 15, um encontro com a imprensa goiana para esclarecer as principais dúvidas dos jornalistas de diferentes veículos de comunicação acerca do processo eleitoral que se aproxima. A partir da próxima sexta-feira, 16, vale lembrar, os candidatos a vereador e prefeito darão início às campanhas políticas nos mais de 5 mil municípios Brasil afora. 

O desembargador Márcio Moraes entrou em cena em nome do Tribunal para falar do aspecto técnico que pautará os próximos 50 dias de campanha. Antes de falar sobre a legislação vigente, porém, ele parabenizou o trabalho da imprensa e disse contar com o apoio da mídia para “propagação da lisura do processo eleitoral e colaboração com a Justiça”. 

Diversas dúvidas foram respondidas ao longo do encontro. A maioria delas relacionadas aos limites de atuação dos candidatos nas plataformas digitais. Sobre o assunto, o desembargador explicou que algumas normas existentes são adequadas ao longo do tempo, no sentido de aprimorar o que prevê a justiça eleitoral. Depois, falou sobre as principais mudanças. 

“Hoje, sem dúvidas, a internet representa a forma de contato mais próxima com a sociedade. Por isso, ela acaba sendo o maior alvo de fiscalização da Justiça Eleitoral em relação ao uso ou mau uso dessas plataformas. A maior preocupação, e temos o apoio da Universidade Federal Goiás (UFG) para isso, está relacionada a detecção e combate das chamadas fake news”, pontuou. 

Em outro trecho, ele falou também sobre o uso da Inteligência Artificial (IA), o ‘fato novo’ trazido pelo avanço da tecnologia ao longo dos últimos anos. “Em relação a desinformação em todos os meios, em especial no tocante as adulterações da IA, é normativa que todo conteúdo deve ter escrito que é produzido pela IA para que as pessoas tenham ciência de que não é uma produção humana, para que não haja um benefício exacerbado de algum candidato”. 

 

Segurança da urna

 

O secretário de Tecnologia e Informação do Tribunal, Frank Wendell Ribeiro, também detalhou aos jornalistas os principais pontos que garantem a confiabilidade do processo eleitoral. Ele explicou que a imprensa representa uma “grande aliada” na justiça diante do dever de informar de maneira precisa e ética. 

“A certeza de que estamos fazendo a coisa certa é que mesmo aqueles que duvidam se utilizam da urna para serem eleitos. Acreditar na urna eletrônica é uma questão científica, pois podemos provar sua segurança. A não confiança, por sua vez, é uma questão de fé, pois não há como provar que ela não funciona dentro daquilo que se propõe a fazer”.

Segundo ele, os equipamentos passam por um processo de fiscalização minucioso, em especial a partir das eleições de 2022. “Tivemos as eleições mais polarizadas e o processo de fiscalização mais rigoroso, e passamos no teste. Os relatórios não apresentaram nada contrário à performance do sistema, o que nos deixa ainda mais seguros em relação a sua confiabilidade”, finalizou. 

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