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segunda-feira, 19 de agosto de 2024
Fraude

Médico forja documentos, lucra R$ 800 milhões e é preso por fraude

Segundo as investigações, ele obteve R$ 180 milhões por meio de projetos de créditos de carbono e outros R$ 600 milhões com a extração ilegal de madeira

Postado em 19 de agosto de 2024 por Leticia Marielle
Médico forja documentos, lucra R$ 800 milhões e é preso por fraude
Médico forja documentos, lucra R$ 800 milhões e é preso por fraude. | Foto: Divulgação

O médico Ricardo Stoppe Júnior, originário do interior de São Paulo, que se tornou “proprietário” de uma vasta área da Floresta Amazônica e arrecadou R$ 800 milhões, está sendo investigado por fraude documental. Segundo as investigações, ele obteve R$ 180 milhões por meio de projetos de créditos de carbono e outros R$ 600 milhões com a extração ilegal de madeira.

De acordo com a Polícia Federal, Ricardo montou um esquema de falsificação de documentos que lhe conferiu a posse de mais de 500 mil hectares na Amazônia, equivalente ao tamanho do Distrito Federal. Muitas dessas terras pertencem à União. Ricardo e seus associados manipularam documentos históricos para alterar a titularidade das terras. João Pedro Alves Batista, perito criminal da PF, explicou: “Houve fraude. Uma mesma pessoa forjou essas duas folhas e inseriu de forma fraudulenta nos livros.”

A perícia revelou que a organização manipulou os registros de imóveis rurais, com quase 100 anos de idade, para criar uma fachada de legalidade. A investigação mostrou que a organização de Stoppe pagava propinas a funcionários de cartórios e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A intenção era certificar documentos falsificados, dando-lhes uma aparência de autenticidade.

Conversas gravadas revelaram detalhes sobre as transações corruptas. Em um áudio, um dos envolvidos menciona: “Doutor, é o seguinte, eu já entreguei aqueles cem que o senhor mandou. Ele quer mais cem mil para entregar o documento. Disse que o secretário está bravo e não quer mais dar.”

A Polícia Federal afirma que o médico não possui nenhuma propriedade legítima na Amazônia. Os documentos mostram que o grupo forjou uma transação de compra de terras de uma família influente da região, que inclusive possuía um casarão histórico que serviu como sede do governo do Amazonas.

Prisão

Ricardo Stoppe Júnior foi preso em junho deste ano, e as operações de busca e apreensão continuam em andamento. A PF identificou pelo menos 50 membros da organização. Os líderes do grupo, incluindo Ricardo e seus associados, enfrentam acusações de desmatamento, corrupção de servidores públicos, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

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