Governador do Tocantins é acusado de desviar dinheiro durante a pandemia
A Polícia Federal sugere a existência de um esquema envolvendo o período entre 2020 e 2021, no qual empresas previamente selecionadas foram contratadas para fornecer cestas básicas
Nesta quarta-feira (21), a Polícia Federal realizou buscas na residência e no gabinete do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa. Também foram nos endereços de seus dois filhos e da primeira-dama, e nos locais de outros políticos e empresários. A investigação alega que Wanderlei desviou recursos destinados a cestas básicas durante a pandemia. Imagens mostram o governador distribuindo essas cestas para comunidades carentes.
A investigação, autorizada por mandados de busca emitidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelou que, durante as buscas na residência e no gabinete de Wanderlei, a polícia encontrou R$ 67,7 mil em dinheiro, além de valores em dólares e euros. Na casa do governador, os policiais descobriram R$ 35,5 mil, 80 euros e US$ 1,1 mil. No gabinete, foram encontrados R$ 32,2 mil e centenas de boletos pagos em lotéricas, tanto em nome do governador quanto de terceiros.
Durante a operação, a polícia prendeu o empresário Joseph Madeira em sua residência. Quando as contratações começaram, em março de 2020, Wanderlei era vice-governador e só assumiu o governo em outubro de 2021, após o afastamento de Mauro Carlesse devido a outra investigação do STJ. Wanderlei alega que, na época das contratações, não era governador e que não teve envolvimento na compra ou distribuição das cestas básicas.
Investigação
Wanderlei Barbosa, do Republicanos, nega qualquer irregularidade e afirma que, na época das compras, ele era vice-governador e não tinha autoridade sobre as despesas. A Polícia Federal sugere a existência de um esquema envolvendo o período entre 2020 e 2021, no qual empresas previamente selecionadas foram contratadas para fornecer cestas básicas. A PF ainda não detalhou qual seria a participação específica de Wanderlei nos possíveis desvios.
O governo do Tocantins afirma que, entre março de 2020 e setembro de 2021, adquiriu mais de 1,6 milhões de cestas básicas. A Polícia Federal suspeita que, embora todas as empresas contratadas tenham recebido o pagamento, nem todas as entregas chegaram à população, pois as empresas podem não ter tido capacidade operacional suficiente para cumprir os contratos.
Uma das entregas de cestas ocorreu no final de abril de 2021, no distrito de Buritirana, em Palmas. Nesse dia contaram com a participação de Wanderlei Barbosa, que aparece em fotos distribuindo os alimentos. O governo teria investido cerca de R$ 5 milhões em cestas básicas durante esse período. Os recursos eram provenientes do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep-TO) e de emendas parlamentares. Wanderlei Barbosa insiste que não tem vínculo com o suposto esquema e que está sendo investigado apenas por ter recebido R$ 5 mil de uma pessoa que também está sob investigação, durante um consórcio informal entre amigos.