Semana da Pessoa com Deficiência reforça a luta contra o preconceito
No Brasil, 4,1% das crianças com idade entre 2 e 9 anos possuem alguma deficiência física ou intelectual
Entre os dias 21 e 28 de agosto, comemora-se a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A data foi estabelecida pela Lei n° 13.585/2017 e tem o objetivo de promover ações de inclusão social e de combate ao preconceito e à discriminação contra esse público.
Além disso, a proposta também traz sensibilidade sobre o tema e busca conscientizar tanto governos quanto a sociedade em relação ao tema, de forma que sejam implementadas políticas públicas que promovam a inclusão social das pessoas com deficiência.
No Brasil, 4,1% das crianças com idades entre dois e 9 anos possuem alguma deficiência física ou intelectual. Além disso, a população com deficiência no Brasil é estimada em 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, o que corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na próxima quinta-feira, 22 de agosto, é celebrado o Dia da Pessoa com Deficiência Intelectual, que dependendo do contexto, exigem maior atenção já que, ao contrário das deficiências físicas, que geralmente podem ser facilmente detectadas visualmente, a percepção e o diagnóstico dessas deficiências dependem da observação de atrasos ou não no desenvolvimento cognitivo das crianças, especialmente durante os primeiros anos de vida.
Ana Márcia Guimarães, médica pediatra e especialista no desenvolvimento e comportamento, explica que qualquer atraso no desenvolvimento da criança, em relação a seus pares da mesma idade, deve ser investigado com seriedade.
A especialista afirma que quando os sinais de deficiência intelectual são detectados de forma precoce a criança recebe o suporte necessário para um desenvolvimento adequado, e isso é essencial para o seu desenvolvimento. “A intervenção rápida pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e no futuro dessas crianças”, explica.
Nas deficiências intelectuais, os sinais mais comuns são atrasos motores, atraso no desenvolvimento da fala, dificuldade de socialização e, principalmente, dificuldades na aprendizagem e no desempenho escolar. “Essas situações podem ser os primeiros indícios de que algo está fora do esperado, e a detecção precoce é fundamental para um melhor prognóstico”, detalha a médica.
A observação dos marcos de desenvolvimento infantil é crucial para esta detecção, segundo a pediatra. Por isso, ela orienta que os pais e responsáveis devem estar atentos a cinco pilares importantes no processo de desenvolvimento da criança.
Esses pilares são: o desenvolvimento motor, que está relacionado ao andar, caminhar e correr; a linguagem; evolução socioemocional; intelectual; e a capacidade de adaptação e resolução de problemas. Guimarães, explica que cada um desses aspectos deve seguir progredindo à medida em que a criança vai crescendo. Assim, qualquer desvio de progressão pode ser um sinal de alerta.
O diagnóstico preciso, no entanto, deve ser feito por um especialista. “O neuropsicólogo é o profissional responsável por aplicar a bateria de testes que mede o QI e as capacidades adaptativas da criança. Após essa avaliação neuropsicológica, cabe ao pediatra interpretar os resultados e relacioná-los com os sintomas apresentados pela criança”, explica Ana Márcia, ao destacar que antes disso, os pais desempenham um papel fundamental na identificação inicial dos sinais.
Após a identificação do problema, os tratamentos devem ser iniciados o mais breve possível, uma vez que a estimulação precoce, realizada por uma equipe interdisciplinar, é a base do tratamento, segundo a especialista. Podem fazer parte desta equipe, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicopedagogo, entre outros. Cada profissional desempenha um papel importante na promoção do desenvolvimento da criança como um todo.
Vale ressaltar ainda, que o aumento no número de transtornos envolvendo a mente, tornou mais difícil diferenciar uma deficiência intelectual de outros problemas de desenvolvimento, como o autismo ou transtornos de aprendizado, requer uma avaliação clínica criteriosa.
A médica explica que em relação ao Transtorno do Desenvolvimento Intelectual (TDI), os critérios incluem três pontos principais: déficits na psicometria (QI abaixo de 70), déficits nas capacidades adaptativas e o início das limitações antes dos 18 anos de vida.
Ao comentar sobre as causas da deficiência intelectual, a especialista salienta que podem ser variadas. “A principal causa é genética, como na síndrome do X frágil e na síndrome de Down. No entanto, fatores ambientais também desempenham um papel significativo, como a prematuridade e complicações durante a gravidez ou o nascimento.