Especialista em práticas chinesas destaca importância das terapias integrativas
As práticas integrativas e complementares em Goiás contam com uma equipe ampla de profissionais
Mariana Sampaio Pereira, pensionista de 60 anos, foi diagnosticada com câncer na pelve e câncer de mama, mas atualmente está curada. Ela descobriu o câncer no começo de 2022, quando começou a sentir fortes dores. “Eu tinha endometriose e precisei retirar o útero devido a hemorragias. Após a retirada, foi feita uma biópsia e o diagnóstico foi câncer. Três meses depois, comecei a sentir dores e fiz novos exames, que indicaram câncer na pelve”, relata.
À reportagem do jornal O Hoje ele conta como se deram os processos de tratamentos com terapias integrativas no Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic). As terapias integrativas utilizam recursos terapêuticos com técnicas e métodos naturais que buscam melhorar a saúde e o bem-estar físico.
A mulher iniciou os tratamentos complementares logo que descobriu a doença. “Comecei os tratamentos no Cremic. Fiz um pouco de tratamento aqui para acalmar a situação e consultei também a doutora. Tomei a medicação que ela passou e também usei o ‘unha de gato’ ”, compartilha. Apesar de estar curada da doença, Mariana continua tomando remédios. “Tomo um comprimido diário para prevenir o retorno do câncer”, finaliza.
Nilda Aparecida Lopes, psicóloga e terapeuta em constelação familiar, acupuntura e práticas orientais chinesas, como meditação, além de terapeuta em bioenergética, explica que as práticas integrativas são terapias que foram reconhecidas pelo Ministério da Saúde há algum tempo.
“Elas fazem parte de um contexto de saúde mais ampla e geral, e têm uma visão integral e sistêmica do ser humano, considerando-o como um todo”, explica. A especialista destaca que muitas dessas práticas vêm de tradições milenares, como a acupuntura, que tem origem na tradição chinesa, e outras práticas que vêm da tradição milenar indiana, como a medicina tradicional chinesa.
As práticas integrativas e complementares no Estado de Goiás, contam com uma equipe ampla de profissionais. “Oferecemos cerca de dezenove práticas integrativas dentro do escopo reconhecido pelo Ministério da Saúde. Quando uma pessoa chega aqui, ela passa por um processo de avaliação global, atendida por um profissional médico e um profissional não médico”, detalha a terapeuta.
Esse primeiro atendimento é focado na pessoa como um todo e não apenas na doença. “Não tratamos a dor isoladamente, mas sim contextualizamos cada dor na vida da pessoa, considerando seus hábitos e sua história”, afirma.
Após essa avaliação inicial, o paciente é direcionado para terapias que os profissionais acreditam que podem favorecer o processo de recuperação. Entre as abordagens médicas disponíveis atualmente no Cremic estão a homeopatia, fitoterapia, Ayurveda e antroposofia. “Além disso, oferecemos uma série de outras terapias integrativas que complementam essas abordagens médicas”, acrescenta a especialista. Por exemplo, o fitoterapeuta pode prescrever medicamentos baseados em plantas, como tinturas, pós, chás, compressas ou emplastros, dependendo da situação.
Nilda reforça que essas terapias são indicadas para todos, não apenas para quem tem dores crônicas e que tais procedimentos ajudam no restabelecimento da saúde e fortalecem a pessoa. Pessoas com dores crônicas, que geralmente têm uma longa história de adoecimento e desequilíbrio, podem se beneficiar muito dessas práticas.
“Por exemplo, recentemente, uma pessoa com fibromialgia participou de uma prática de medicina tradicional chinesa, que combina movimentos suaves e atenção meditativa. Após uma sessão de meia hora, ela relatou alívio significativo das dores”, comenta.
Práticas integrativas ajudam a desinflamar corpo e aliviar dor
As práticas integrativas estão relacionadas a inúmeros processos de adoecimento, seja para dores crônicas ou outras condições, sejam orgânicas ou emocionais. Elas ajudam na desinflamação do corpo e no alívio da dor, seja por meio de abordagens medicamentosas ou terapias corporais, como a auriculoterapia e a ventosaterapia, que são muito eficazes em casos de dor aguda. “A ventosa, por exemplo, tem uma resposta excelente para dores agudas e faz parte da medicina tradicional chinesa”, afirma a terapeuta.
Renato Violi, nutricionista e acupunturista, trabalha com as técnicas de auriculoterapia e ventosaterapia e atualmente faz pós-graduação em acupuntura. Ele relata que tem uma paciente de 63 anos que faz acompanhamento por meio de auriculoterapia há mais de um ano.
“Ela optou por conhecer essa técnica após ter passado por uma experiência. E recebeu a indicação do tratamento auxiliar para diminuir uma dor na coluna e também reduzir sintomas de depressão e ansiedade”, compartilha.
Renato explica que a auriculoterapia é uma técnica da medicina tradicional chinesa por meio da qual os especialistas conseguem localizar no pavilhão da orelha pontos específicos que ao serem tocados, emitem estímulos para o sistema nervoso na área desejada.
Ele detalha que para a realização do procedimento são usadas desde sementes de mostarda – que é o mais comum – até mesmo a inserção de agulhas em consultório. Além disso, podem ser usadas ainda semi permanentes onde o paciente volta com elas para casa e permanece recebendo o estímulo por sete dias.
“O tratamento é auxiliar, não dispensa e nem é recomendado a remoção de remédios prescritos pelo médico. Porém com a melhora dos sintomas, e devido o acompanhamento conjunto visto que se trata de um trabalho multidisciplinar, em alguns casos essa retirada é feita”, afirma.
No caso das pessoas que sofrem com dores no corpo, em especial atletas que exercem grandes cargas durante o treino ou pessoas que sofrem com dores na coluna ou outras partes do corpo, o tratamento pode ser feito por meio da ventosaterapia. “Essa técnica consiste em fazer uma pressão negativa uma sucção na pele para que o corpo trabalhe sozinho de modo a combater a inflamação naquela região”, explica o especialista.
Renato compartilha que já atendeu um paciente com a utilização desse método. “O paciente se queixava de dores frequentes no braço, a aplicação da ventosaterapia na região próxima a dor, possibilitou melhor circulação sanguínea e o combate à inflamação diminuindo o desconforto”, relata, ao destacar que o procedimento foi feito em quatro sessões e o paciente apresentou melhora significativa.