Após desocupação, Morro da Serrinha terá reflorestamento com ipês e pequis
Serão recuperados 4 hectares de áreas verdes degradadas com plantação de 4.819 mudas de plantas nativas do Cerrado
Nos últimos anos, o legado que o Morro da Serrinha deixou para os goianienses foi de uma hostilidade religiosa. Reivindicado ilegalmente por seitas religiosas como a “Tenda 1º é Deus” e a “São José da Pedra”, a área de proteção ambiental serviu tanto como um refúgio como um antro para pessoas em situação de rua e em vulnerabilidade social. Tal legado gerou incômodo dos moradores da região, de grandes incorporadoras e eventualmente do próprio Governo de Goiás, principalmente pelo incêndio que devastou a vegetação nativa em agosto de 2023.
Tal qual quando chegou a ordem de desocupação, o jornal O HOJE, juntamente com outros grupos de comunicação, acompanhou de perto a reintegração de posse da área pública. Por volta das 6 horas da manhã do 5º dia de junho, cerca de 10 viaturas do policiamento da capital da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) entraram armados para fazer a desocupação junto com ambulâncias e assistentes sociais. O que poderia ter sido um confronto direto terminou com uma desocupação pacífica.
De acordo com a Gerente de Políticas e Programas da Região Metropolitana de Goiânia da Secretaria Geral do Governo de Goiás (SGG), Fátima Abreu, o maior desafio da pasta quando assumiu os trabalhos de recuperação foi com a degradação da área verde pelos anos de ocupação irregular. “Havia resíduos domésticos e degradação [da terra] por ação humana na área”, relata.
Agora, quase três meses depois do despejo, o Governo de Goiás junto com a empresa de assessoria ambiental Ecovel Ltda iniciam o plantio de quase 5 mil mudas no dia 25 de setembro. Ao todo, serão plantadas 4819 mudas somente em 2024, com uma previsão de mais 723 mudas para caso de replantio nos próximos anos. Entre as espécies de plantas indicadas pela pasta estão mudas nativas populares do Cerrado como: ipê, pequi, olho-de-boi, jatobá-do-cerrado, araçá, cagaita, murici, pau-santo e candeia.
O reflorestamento do Morro da Serrinha é executado seguindo um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) do Morro da Serrinha que planeja recuperar e monitorar a área para prevenir futuros desmatamentos. Ao todo, serão recuperados 36% dos mais de 11 hectares do local. “Planejamos recompor os 4,3369 hectares de vegetação natural na Área Verde Pública que foram afetados”.
O cronograma do PRAD possui seis etapas de ação, sendo a primeira de implantação do reflorestamento e mais cinco etapas de manutenção e monitoramento. A primeira etapa de implantação possui previsão de durar até dezembro de 2024. “Em setembro será realizada a limpeza da área e o combate às formigas. Em outubro ocorrerá a preparação do solo, espaçamento e alinhamento, em novembro coveamento e adubação e em dezembro o plantio”, relata.
Enquanto isso, os outros cinco anos serão atividades de manutenção da área pública que deve durar até 2029. Nesse tempo, uma empresa de segurança privada irá monitorar a área por 24 horas para que não ocorram irregularidades no espaço. Por causa disso, Fátima revela que pretende mudar o atual legado do parque para um espaço mais verde e sustentável. “O Estado de Goiás quer um novo legado para o Morro da Serrinha de uma área completamente recuperada de sua fauna e flora”.