Goiânia ultrapassa 1,4 milhão, tornando-se a 10ª cidade mais populosa do Brasil
Apesar destes números, o Brasil, assim como outras nações, possuem a previsão de declínio populacional que deve começar ainda em 2040
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou nesta quinta-feira (29) a projeção demográfica dos municípios de 2024 com dados do Censo 2022. Segundo as estimativas do instituto, o Brasil possui 212,6 milhões de habitantes nas cinco regiões brasileiras, sendo sudoeste o mais populoso com 88.617.693 e o Centro-Oeste menos populoso com 17.071.595 habitantes.
Dentro disso, Goiás se destaca como o estado da região com mais residentes se comparado com outros estados vizinhos, com mais de 7 milhões de habitantes, alavancando para o 11º estado com maior número de população. Similarmente, Goiânia também teve destaque como a 10ª cidade mais populosa do Brasil com 1.494.599. Também, Aparecida de Goiânia foi pontuada como a 20ª cidade não capital mais numerosa, com 550.925.
Apesar destes números, o Brasil, assim como outras nações, possuem a previsão de declínio populacional que deve começar ainda em 2040. Segundo a instituição, a nação atingiu seu pico populacional na atual década com mais de 212 milhões de habitantes, a partir de 2040 deve haver um declínio para 200 milhões em 2040 e 190 milhões em 2070.
Com essa nova realidade, deve haver mudanças conforme afirma a conselheira suplente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) para o Brasil e especialista em planejamento urbano, Regina Faria. Além do declínio populacional, cita que há novas realidades sociais que devem ser pontuadas nos planejamentos urbanos, como o aumento das mães solos e a duplicação do número de idosos na nação. Essas novas realidades também têm colaborado para a estabilização populacional por reduzir o número de pessoas por famílias.
“Quando comecei [na carreira do planejamento urbano] usávamos uma média de 3 pessoas por família para fazer o planejamento. Hoje a nossa realidade é de apenas 1,57 por família e em 2040 pode chegar a 1,47 ”, afirma.
Um planejamento para todos
Segundo ela, há uma discordância entre essa nova realidade e um planejamento urbano antiquado. Esse desnível também provoca uma piora na qualidade de vida para a população que mora nas regiões afastadas dos centros urbanos em cidades dispersas.
Essa piora na qualidade de vida dos cidadãos isolados se dá em um aumento nas tarifas dos ônibus, pelo aumento das linhas do transporte público, escassez de profissionais e estrutura para serviços públicos como da educação e saúde, falta de uma rede elétrica e encanamento de esgoto. “Hoje temos planos diretores de municípios que fazem uma área de expansão urbana muito além da realidade da cidade”, afirma.
Como exemplo, cita a cidade de Anápolis como um propagador deste problema na região por lotear perímetros tangentes aos municípios vizinhos. Sobre isso, revela que o conselho já teria negociado com o município para não expandir o perímetro urbano e se limitar para expandir em bairros vizinhos com pelo menos 30% de ocupação. Contudo, o município teria novamente alterado a proposta para lotear em áreas desocupadas. Também relata como este problema da dispersão se estende desde a década de 50.
Além da piora da qualidade de vida, cita como a invasão de áreas verdes por uma super extensão dos perímetros urbanos pode avançar a degradação do meio-ambiente.
Por causa disso, relata que uma possível solução para a dispersão é um planejamento de adensamento das cidades para a população nos serviços e na infraestrutura da cidade. Como efeito disso, cita que o transporte público teria um papel crucial na mobilidade urbana pelo desincentivo do uso de um veículo próprio.
Como exemplo de uma cidade modelo ela cita a cidade de Barcelona no leste da Espanha. “A grande maioria dos moradores de Barcelona ou usam o transporte público ou andam de bicicleta. Até as pessoas com mais status não andam de carro”. Enquanto isso, cita a cidade brasileira de Curitiba como a mais próxima desse molde por ter uma fama de um bom planejamento urbano.
Os loteadores continuam ganhando
Segundo a especialista, grande parte dos municípios ainda possuem leis que beneficiam os loteadores e permitem que os vazios urbanos ocorram nos municípios. E em Goiânia não é diferente, como conta. De acordo com a conselheira, a expansão urbana do plano diretor tem de propiciar uma ocupação de 10 anos. Contudo, a atual expansão do município propicia uma expansão de 40 a 50 anos no futuro. Conta que grande parte disso se deve aos lucros dos loteadores que dependem da infraestrutura urbana para valorização da terra na forma de uma especulação.
Para uma possível solução, como afirma, é que os perímetros deveriam ser desenhados conforme os loteamentos aprovados. Também o taxamento progressivo do IPTU de vazios urbanos, bem como o parcelamento dessas áreas. “”Todo ano fazemos uma carta para os municípios priorizarem o planejamento urbano ambiental para termos uma cidade mais sustentável.