O Hoje, O melhor conteúdo online e impresso - Skip to main content

segunda-feira, 2 de setembro de 2024
PublicidadePublicidade
Colorindo a cidade

Temporada de floração dos ipês colore e encanta os goianos

O processo é uma estratégia da espécie para se adaptar ao clima durante os períodos secos, assim como característico do Cerrado goiano

Postado em 2 de setembro de 2024 por Thais Cristina Teixeira

Goiás é um estado conhecido por suas belezas naturais, mas poucas coisas emocionam tanto os habitantes quanto a floração dos ipês. Todos os anos, entre os meses de julho e setembro, as ruas, parques e avenidas de Goiânia e de diversas cidades goianas são tomadas por um espetáculo de cores que enche os olhos e aquece o coração: os ipês, em suas diversas tonalidades — amarelos, rosas, brancos e roxos —, começam a florescer, trazendo um visual deslumbrante para o Cerrado.

Durante o período em que as árvores se afloram, os moradores da capital aproveitam para admirar a beleza emitida pelas flores. “A beleza dos ipês nos lembra que precisamos cuidar da natureza, porque ela faz parte da nossa identidade”, ressalta a ambientalista e escritora Marília Costa.

A temporada dos ipês começou na capital, às árvore com flores que colorem a cidade e encantam os moradores é nativa não apenas do Cerrado mas de toda a América Latina, estando distribuída em regiões tropicais e subtropicais do Continente, explicou Rodrigo Carlos Batista de Sousa, engenheiro florestal e mestre em genética e melhoramento de plantas. Rodrigo Batista informou que a nível nacional a floração do ipês, está presente em quase todos os biomas, entre eles Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga e Pantanal. 

Uma curiosidade explicitada pelo engenheiro reforça o simbolismo que essa árvore possui para os brasileiros, já que em 1961, o presidente da época Jânio Quadros, por meio de decreto, oficializou a flor do ipê amarelo como flor símbolo do Brasil. A escolha aconteceu em decorrência do tom vibrante da cor, além da ampla distribuição da espécie pelas regiões do País.

“A flor do Ipê Amarelo foi oficialmente declarada como a flor símbolo do Brasil em 1961, por meio de um decreto do presidente Jânio Quadros. Essa escolha se baseou na ampla distribuição da espécie por todas as regiões do país e no vibrante tom amarelo de suas flores”.

Segundo a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), o ipê amarelo é o mais antigo de Goiânia . Os técnicos de arborização do órgão acreditam a árvore de flores amarelas possui uma idade aproximada à 70 anos, o ipê, que está localizado em uma área próxima ao Parque Mutirama, na Avenida do Contorno deve florescer em breve já que ele está finalizando o processo da perda de folhas. 

Desde 2022, a Prefeitura de Goiânia propôs a ideia de tombar ipê veterano na capital, tornando-o oficialmente um patrimônio cultural, material e natural para os goianienses. Para os biólogos da Amma, “o tombamento de árvores representa o reconhecimento de sua importância ambiental e sociocultural, além de sua conexão com a história da cidade”.

A Amma estima que em Goiânia existam cerca de 50 mil árvores de ipê que se concentram em toda a cidade nas mais variadas cores. Outro fator explicado pela Amma é que só do ipê amarelo existem em média dez espécies diferentes, e para que as flores surjam é necessário que as folhas da espécie caiam. 

Rodrigo Batista também comunicou que a variação das cores se dá por características ecológicas e distribuições geográficas. “Essa variação está diretamente relacionada às características genéticas e climáticas”.

O engenheiro florestal contou que as flores desabrocham no auge da estação seca a depender da espécie e da região. “Esse ciclo de floração é uma estratégia adaptativa ao clima, sendo mais evidente durante os meses secos, quando poucas árvores estão floridas, o que garante maior visibilidade e eficiência na polinização”, Rodrigo Batista.

Dependendo da espécie e das condições ambientais, os ipês podem atingir alturas de 7 a 30 metros de altura. Essas árvores possuem uma longevidade longa, podendo viver de 50 e 100, e às vezes até mais de um século, especialmente em condições favoráveis de crescimento.

As diferentes espécies de ipês não florescem simultaneamente. Os ipês roxos e rosas abrem o ciclo de floração, seguidos pelos amarelos e brancos, que encerram essa sequência colorida. 

Em Goiânia é possível admirar esse recurso natural em diversos pontos da cidade, como nas unidades de preservação, na Avenida Goiás Norte, no Parque Beija-Flor, no Paço Municipal, na Avenida T-63 e no entorno do Zoológico. Goiânia, nesse período, se enche de flores em cada esquina.

A magia que cobre e encanta Goiânia 

Para Gabriel a tradição de admirar a beleza dos ipês passou de geração para geração, já que, durante a infância a mãe o levava para brincar em locais com ipês.“Minha mãe sempre me levava para brincar debaixo dos ipês amarelos no Parque Vaca Brava. Agora, faço o mesmo com a minha sobrinha, para que ela também cresça com essa conexão com a natureza e com a cidade”, diz Gabriel.

Ana Lúcia, moradora do Setor Oeste, acorda ansiosa para admirar a vista dos ipês. “Acordo todos os dias ansiosa para ver os ipês aqui perto de casa. Parece que o meu dia fica mais alegre quando vejo as árvores floridas”, relata Ana Lúcia, moradora do Setor Oeste, que acompanha a floração dos ipês há mais de 20 anos. 

Espécie rara

Embora poucos saibam, existe um ipê diferente dos outros vistos pela cidade,o ipê-verde (Cybistax antisyphilitica), uma espécie arbórea que se distingue das outras espécies de ipês do gênero Handroanthus.

O ipê-verde é conhecido por suas folhas perenes, que permanecem verdes durante todo o ano, ao contrário da maioria dos ipês, que perdem as folhas durante a estação seca antes de florescer. Isso lhe define seu nome “verde”. 

Suas flores são geralmente amarelo-esverdeadas, e a floração ocorre durante a estação chuvosa, o que também o diferencia de outros ipês, que florescem no período seco. As flores são tubulares e podem atrair polinizadores como abelhas.

O ipê-verde é encontrado em diversas regiões do Brasil, especialmente nos biomas Cerrado e Mata Atlântica. Sua presença também é registrada em áreas de transição entre esses biomas, bem como em regiões mais úmidas e matas ciliares.

Veja também