Meningite mata 22 pessoas em Goiás e preocupa população
Somente neste ano já são mais de 115 casos confirmados, com 22 óbitos. No ano passado, foram registrados 214 casos e 43 mortes
A Secretaria Municipal de Saúde de Catalão descartou a suspeita de que o garoto de 10 anos morreu em decorrência de meningite. A criança morreu na última quarta-feira (28), mas segundo a pasta, os exames feitos no Laboratório de Saúde Pública Giovanni Cysneiros (Lacen) e liberados na sexta-feira (30/8) deram negativo para meningite bacteriana. Vale destacar que os dois irmãos do menino, com idades entre 8 e 12 anos, também foram internados com suspeita da doença após um deles apresentar febre e dor no corpo.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) alerta para a incidência da doença no Estado. Somente neste ano já são mais de 115 casos confirmados, com 22 óbitos. No ano passado, foram registrados 214 casos e 43 mortes.
Flúvia Amorim, superintendente de vigilância em saúde da SES, destaca que o surgimento desses casos acende um alerta para pais e responsáveis. Ela afirma que apesar da rede de saúde municipal ter descartado a meningite bacteriana, o processo de investigação da SES ainda não foi concluído.
“Alguns exames já chegaram principalmente em relação a meningite bacteriana que foi descartada inclusive pela própria vigilância local, mas nós sabemos que as causas da meningite estão relacionadas a outros agentes e não só bactérias, como é o caso dos vírus”, explica a superintendente.
Assim, o processo de investigação ainda não pôde ser concluído. Flúvia ressalta que os casos de meningite são registrados durante todo o ano e a maior preocupação da saúde é em relação à meningite bacteriana, que são aquelas causadas pelo Meningococo e são chamadas de Meningite Meningocócica. Além disso, há uma maior preocupação também com a meningite por hemófilos de influenza B, devido a sua gravidade, evolução rápida e transmissibilidade.
A superintendente lembra que os tratamentos da meningite são feitos com antibióticos e vacinação. Mas o grande gargalo no processo de prevenção é a baixa na cobertura vacinal no Estado. “Precisamos de uma cobertura vacinal de pelo menos 95%, mas atualmente nenhuma das vacinas que protegem contra a meningite tem esse percentual de cobertura”, alerta Flúvia.
A orientação para pais e responsáveis é que mantenham os cartões de vacinação das crianças atualizados para evitar a contaminação pela doença que segundo Amorim, é grave e pode levar a óbito. Além disso, a enfermidade pode deixar sequelas na vida das pessoas. “E temos vacinas para as essas duas principais que eu falei”, informa.
Ao comentar sobre os dados deste ano e do ano passado, Flúvia comenta que apesar da diminuição de ocorrência de um ano para o outro, a meningite não pode ser banalizada. “Como eu falei nas campanhas, a atualização de vacinação é muito importante”.
Atualmente a cobertura vacinal contra a meningite em Goiás está abaixo de 95%, que é a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. Apesar disso, foi observada uma melhora principalmente no ano de 2023 em relação à vacinação.
No caso da meningocócica a cobertura vacinal chegou a marca de 80.9% em 2023. “Essa eu posso dizer que está boa”, avalia a superintendente. No entanto, a pentavalente contra meningite por hemófilos influenza B que a cobertura está em 78%. “Esse tipo da doença também pode se agravar colocando a vida do paciente em risco, mas que possui a cobertura vacinal baixa”, lamenta Flúvia.
A vacina BCG, que também protege contra a meningite, nesse caso, contra aquela causada pela mesma bactéria da tuberculose, está em 75%. Enquanto isso, a pneumocócica está em 81%. “É necessário melhorar as coberturas para todas as vacinas para que a gente tenha essas crianças protegidas”, finaliza a superintendente.
Conheça as formas de contágio da meningite e saiba como se prevenir
Caracterizada por uma inflamação das meninges – membranas que envolvem o cérebro e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central -, a meningite é causada, principalmente, por bactérias ou vírus. Além disso, pode, raramente ser provocada por fungos ou pelo bacilo de Koch, causador da tuberculose.
De acordo com o Ministério da Saúde, pessoas de qualquer idade podem contrair esta doença que pode ser fatal caso seus cuidados sejam negligenciados. Porém, as crianças menores de 5 anos são mais atingidas.
A meningite pode ser transmitida de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. A transmissão também ocorre através da ingestão de água e alimentos contaminados, além do contato com fezes.
No caso da meningite bacteriana esse processo ocorre porque algumas bactérias se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta; podendo ainda outras bactérias se espalharem por meio dos alimentos.
A meningite viral é transmitida de acordo com o vírus causador, podendo ocorrer contaminação fecal-oral, por contato próximo, ou seja, quando as pessoas tocam ou apertam as mãos com uma pessoa infectada.
Outras formas de transmitir a doença são: tocar em objetos ou superfícies que contenham o vírus e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos; trocar fraldas de uma pessoa infectada; beber água ou comer alimentos crus que contenham o vírus. Vale ressaltar ainda que alguns vírus, como os arbovírus, são transmitidos pela picada de mosquitos contaminados.
Os sintomas variam de acordo com o tipo de cada doença. Em relação às meningites virais, esses sinais costumam ser mais leves e os sintomas se parecem com os das gripes e resfriados. Este tipo afeta principalmente as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, falta de apetite e irritação.
Os sintomas das meningites bacterianas costumam ser mais graves e aparecem com mais rapidez. Os principais sinais que podem indicar que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o que o paciente corre risco de infecção generalizada, são: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.
No caso dos bebês, há outras observações como: moleira tensa ou elevada; gemido quando tocado; inquietação com choro agudo; rigidez corporal com movimentos involuntários, ou corpo “mole”, largado.
Tratamento
Ao sentir os primeiros sinais, a pessoa deve procurar um especialista para que um diagnóstico seja feito por meio de exames. Após esses procedimentos, o tratamento é indicado de acordo com o agente causador da infecção.
O MS adverte que não há tratamento específico para a meningite viral. Assim, como acontece com outras viroses, se resolve sozinha, podendo ser utilizados medicamentos que tratam apenas dos sintomas, como dor e febre. Enquanto isso, as meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente, em ambiente hospitalar.