Atleta olímpica morre após ex-namorado atear fogo em seu corpo
Ao retornar da igreja, Rebecca encontrou o suspeito, que havia derramado gasolina sobre seu corpo e ateado fogo na frente das filhas de 9 e 11 anos
Nesta quinta-feira (5), a maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei faleceu, quatro dias após ser atacada pelo ex-namorado, que invadiu sua casa e incendiou seu corpo. A atleta, de 33 anos, havia participado da maratona dos Jogos Olímpicos de Paris em agosto, terminando em 44º lugar. De acordo com Kimani Mbugua, diretor da UTI do Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH) em Eldoret, Quênia, ela faleceu por volta das 5h30.
“Os ferimentos cobriam a maior parte do corpo dela, resultando na falência de múltiplos órgãos. Fizemos tudo o que pudemos, mas não conseguimos salvar a vida dela”, declarou Mbugua.
Conforme o boletim de ocorrência, o suspeito, Dickson Ndiema Marangach, invadiu a residência de Rebecca Cheptegei no domingo (1º), enquanto ela estava na igreja com suas filhas. A atleta vivia com sua irmã e suas duas filhas em uma casa na localidade de Endebess, Quênia, a cerca de 25 km da fronteira com Uganda. Ao retornar da igreja, Rebecca encontrou o suspeito, que havia derramado gasolina sobre seu corpo e ateado fogo na frente das filhas de 9 e 11 anos. O boletim policial indica que Rebecca Cheptegei e Dickson Ndiema Marangach tinham um relacionamento conturbado, marcado por frequentes discussões.
Donald Rukare, presidente do Comitê Olímpico de Uganda, expressou sua indignação em uma postagem na rede X, classificando o ato como covarde e desumano. “É um ato covarde e sem sentido que resultou na perda de uma grande atleta. Condenamos veementemente a violência contra as mulheres”, afirmou Rukare.
A ‘Athletics Kenya’, confederação de atletismo do Quênia, também se pronunciou sobre o incidente. “A morte prematura e trágica representa uma perda profunda. Exigimos o fim da violência de gênero”, declarou a confederação.
Casos semelhantes
Nos últimos anos, tragédias semelhantes marcaram o atletismo no Quênia. Em abril de 2022, encontraram a atleta Damaris Mutua, natural do Quênia, morta em Iten, um renomado centro de treinamento de atletismo no Vale do Rift. Suspeita-se que seu parceiro tenha cometido o homicídio.
Outro caso chocante ocorreu em outubro de 2021, com a atleta Agnes Tirop, de 25 anos. Encontraram Tirop, que conquistou medalhas de bronze nos 10.000 metros nos Campeonatos Mundiais de 2017 e 2019 e terminou em quarto lugar nos 5.000 metros nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, morta após esfaquearem-na em sua residência em Iten. Seu esposo, Emmanuel Ibrahim Rotich, está sendo julgado pelo assassinato, embora ele negue as acusações.