Mulher hipertensa dá a volta por cima e investe na saúde após infarto
Hipertensão não tem cura e, em 90% dos casos, é herdada dos pais. No entanto, existem fatores de riscos que influenciam nos níveis da pressão arterial
A trajetória de Maria Helena Couto, de 56 anos, ilustra uma realidade que muitos preferem ignorar: a hipertensão pode ser uma ameaça silenciosa, cujas consequências podem ser devastadoras se não forem tratadas com a seriedade devida. O que começou como uma vida repleta de atividades normais e uma rotina aparentemente saudável se transformou drasticamente após um evento médico crítico que abriu seus olhos para a importância de cuidar da própria saúde.
Dona Helena sempre se considerou uma pessoa ativa. Trabalhava arduamente, criava seus filhos com dedicação e mantinha sua casa em ordem. Com essa rotina ocupada, ela achava que seu estilo de vida equilibrado e a ausência de excessos alimentares ou alcoólicos a protegiam de problemas sérios. “Eu nunca fui de exagerar em comida ou bebida”, diz Maria Helena. “Achava que, por não ter esses excessos, estava imune a problemas de saúde graves.”
A rotina da diarista foi interrompida por um evento inesperado. Em um dia aparentemente comum, ela começou a sentir um aperto no peito, que se espalhou para o braço e foi acompanhado por um cansaço extremo. Inicialmente, ela atribuiu os sintomas ao estresse. “A dor era intensa, mas pensei que era apenas um resultado do ritmo acelerado da vida”, explica. A insistência de sua filha, que percebeu a gravidade da situação, levou Maria Helena a procurar atendimento médico, uma decisão que acabaria por salvar sua vida.
No hospital, os exames confirmaram que ela havia sofrido um início de infarto. O diagnóstico foi um choque para a mulher, que nunca imaginou que uma condição aparentemente controlada, como a hipertensão, pudesse levar a algo tão grave. “Os médicos me disseram que, se eu não tivesse procurado ajuda, a situação poderia ter sido muito mais crítica”, recorda. Foi então que ela começou a perceber a seriedade de sua hipertensão, condição que ela havia negligenciado por anos.
Antes desse evento, Maria Helena sabia que tinha pressão alta, mas nunca deu a devida importância ao tratamento. “Eu tomava os remédios de forma irregular, às vezes esquecia, outras vezes não achava que fosse tão crucial”, admite. O infarto forçou uma mudança drástica em sua abordagem com relação à saúde. Determinada a não repetir o erro, a mulher começou a adotar uma nova rotina com foco total no monitoramento e no controle de sua hipertensão.
Atualmente, ela realiza check-ups médicos regulares, que incluem visitas anuais ao cardiologista, exames de sangue, eletrocardiogramas e ecocardiogramas. A adesão rigorosa ao tratamento é uma prioridade em sua vida. “Agora, tenho um alarme no celular que me lembra todos os dias do horário certo para tomar meus medicamentos, e nunca falho”, conta. Além da medicação, ela modificou sua alimentação, reduzindo o consumo de sal, frituras e gorduras, e incorporou caminhadas leves em sua rotina diária.
A transformação na vida de Maria Helena não se limita às mudanças na alimentação e ao regime de exercícios. Ela também encontrou um novo propósito em sua jornada de saúde. “A vida é muito frágil, e cuidar de mim mesma é o maior presente que posso dar a mim e à minha família”, reflete. Maria Helena agora vive com um senso renovado de responsabilidade e gratidão, valorizando cada momento e priorizando sua saúde de maneira que nunca fez antes.
Seu conselho para aqueles que podem estar na mesma situação em que ela estava é claro e urgente: “Não espere o pior acontecer. Cuide da sua saúde agora, enquanto ainda há tempo”. O cardiologista Murilo Menezes, destaca a importância de se compreender a hipertensão, condição que afeta cerca de 30% da população brasileira.
Menezes explica que hipertensão é diagnosticada quando a pressão arterial é superior a 140 por 90 mmHg em duas medições distintas. “É fundamental monitorar a pressão arterial regularmente, pois a hipertensão muitas vezes é assintomática”, afirma o cardiologista. Sem sintomas evidentes, a condição pode passar despercebida, tornando o acompanhamento médico regular crucial para a detecção precoce e manejo adequado.
Estilo de vida influencia mais a pressão arterial do que genética
A hipertensão é uma condição multifatorial, influenciada por fatores genéticos e comportamentais. “Embora a predisposição genética desempenhe um papel significativo, o estilo de vida é essencial para a prevenção”, ressalta o médico. Entre os principais fatores de risco estão o sedentarismo, o consumo excessivo de álcool, a obesidade e o estresse elevado. A combinação desses fatores pode elevar a pressão arterial, especialmente quando associada a uma predisposição genética.
A prevenção da hipertensão começa com a adoção de um estilo de vida saudável. “Reduzir o consumo de sal é crucial, já que a dieta rica em sódio está diretamente ligada ao aumento da pressão arterial”, orienta o cardiologista. Além disso, recomenda-se a prática de pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica semanal, como caminhadas ou corridas, e a inclusão de exercícios de musculação. A realização de check-ups regulares e a manutenção de um peso saudável também são essenciais para prevenir a hipertensão.
O cardiologista enfatiza a importância de evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo, que podem agravar a condição. “O estilo de vida saudável e a prevenção são fundamentais para evitar a hipertensão e suas complicações”, explica.
A hipertensão é frequentemente assintomática e pode se manifestar somente em estágios avançados, como durante um infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Muitas pessoas só descobrem a hipertensão quando enfrentam uma crise de saúde grave”, alerta Menezes. Por isso, o acompanhamento médico contínuo é vital, pois a condição pode não apresentar sintomas até que o quadro se torne crítico.
Menezes reforça que a hipertensão é uma condição séria que requer atenção e prevenção. Com um estilo de vida saudável, acompanhamento médico regular e consciência dos fatores de risco, é possível gerenciar e até prevenir essa condição. A educação e a conscientização sobre a hipertensão são passos fundamentais para melhorar a saúde cardiovascular e reduzir os impactos dessa doença na vida das pessoas.
Não tem cura, mas tem controle
A pressão alta não tem cura, mas é preciso controlar e tratar. Além dos medicamentos disponíveis (que devem ser receitados por um profissional), o paciente precisa adotar um estilo de vida mais saudável. Veja algumas orientações:
- Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares;
- Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos;
- Praticar atividade física regular;
- Aproveitar momentos de lazer;
- Abandonar o fumo;
- Moderar o consumo de álcool;
- Evitar alimentos gordurosos;
- Controlar o diabetes.
Fonte: Ministério da Saúde