Caiado pressiona por combate aos incêndios e ganha força no país
Governador afirma que reconhecimento da situação de emergência não é suficiente e que há “total omissão” por parte do governo federal
Em meio a correria imposta pelas eleições municipais de 2024, o governador Ronaldo Caiado (UB) voltou à cena nacional ao liderar um processo de endurecimento de penas para os autores de queimadas criminosas.
Em todas as suas aparições, o gestor tem defendido uma legislação mais rígida para coibir as queimadas praticadas intencionalmente em todo o país. “É preciso cuidar de uma situação emergencial com a urgência que se vive”, argumenta.
A defesa de Caiado é que estados e União devem trabalhar de forma conjunta para combater o problema. “Precisamos apresentar soluções viáveis, com diálogo entre os poderes, mas ao mesmo tempo resgatar prerrogativas dos estados. Há uma total omissão do governo federal, sem nenhuma medida prática”, criticou.
Apenas o reconhecimento da situação de emergência nos municípios goianos, segundo ele, não é suficiente para solucionar o problema. “O que o governo federal deveria ter feito era dizer que os estados podem furar o teto se tiverem gastos com incêndio e repassar verba para compra de caminhões e apoio na aviação”.
À emissora do Rio Grande do Sul, o governador apresentou um panorama da situação goiana e lembrou que foi enviado à Assembleia Legislativa um projeto de lei para tornar o incêndio criminoso crime passível de prisão sem direito à fiança.
No entanto, o texto mencionado por ele foi considerado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). “Estamos engessados diante das catástrofes”, disse o governador que promete recorrer.
O governador citou o artigo 24 da Constituição Federal, que prevê o direito dos estados legislarem de forma concorrente em determinados casos. Também disse que a iniciativa do Governo de Goiás para coibir as queimadas criminosas não foi bem compreendida pelo Judiciário. “O que fizemos não é afronta nenhum ao Poder, pelo contrário. Tivemos o cuidado de passar pela Assembleia Legislativa, que tem a prerrogativa e, a partir daí, tem respaldo constitucional”, ressaltou.
Desde o início da semana, Caiado tem aparecido em diversos canais e portais de notícias para falar sobre o assunto, dentre elas as emissoras de televisão BandNews TV e GloboNews.
Apenas em setembro, Goiás registrou 898 ocorrências de incêndio florestal e 1.170 de incêndio urbano, o que equivale a um total de 2.068 ocorrências, de acordo com o portal Estatísticas, do Corpo de Bombeiros. Em todo o ano, o número de atendimentos já chega a 10 mil.
Diante desse cenário, o governador, que trabalha a passos largos para consolidar seu nome na disputa presidencial de 2026, demonstrou preocupação com a movimentação de organizações criminosas, que se articulam para praticar incêndios com objetivo de desvalorizar o patrimônio goiano e brasileiro.
“Não assumi o governo para dizer amém, muito menos ficar assistindo enquanto o Estado é totalmente incendiado por criminosos. Estou enfrentando o crime, essa é a verdade”, pontuou o goiano.
Nos bastidores, a leitura é que a mais nova projeção de Caiado em cadeia nacional o coloca, de novo, na na condição de um líder verdadeiramente preocupado com os problemas que afligem o Brasil. “Foi assim com o 8 de janeiro, com a chuva que assolou o Rio Grande do Sul, com a tramitação da Reforma Tributária e outros episódios. Isso revela um gestor preocupado com seu estado, mas extremamente atento aos problemas do Brasil de uma maneira geral”, avaliou um palaciano.