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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
Saúde

Mudança climática agrava a crise da tuberculose

No Brasil, a taxa de incidência da tuberculose aumentou, passando de 35,6 por 100 mil habitantes em 2003 para 39,8 por 100 mil em 2023

Postado em 8 de outubro de 2024 por Leticia Marielle
Mudança climática agrava a crise da tuberculose. | Foto: Divulgação

A mudança climática exacerba os principais fatores que influenciam a tuberculose, como desigualdade, deslocamentos e insegurança alimentar. Enquanto isso, eventos extremos, como secas e inundações, complicam ainda mais o acesso e a continuidade dos tratamentos. Jeremy Farrar, 63 anos, cientista chefe da OMS e professor de medicina tropical na Universidade de Oxford, afirma isso durante sua participação no Fórum Global de Vacinas contra Tuberculose, que começou nesta terça-feira (8), no Rio de Janeiro.

Farrar explica que existem três maneiras em que as mudanças climáticas impactam a situação. A desnutrição compromete o sistema imunológico, tornando as pessoas mais vulneráveis à tuberculose. Já o deslocamento em massa e a migração criam condições de superlotação e habitação precária, elevando o risco de infecção. Por fim, as interrupções no sistema de saúde, causadas por eventos climáticos extremos, afetam as cadeias de suprimentos e o acesso ao tratamento, atrasando diagnósticos e contribuindo para a propagação da doença.

Tuberculose no Brasil

No Brasil, a taxa de incidência da tuberculose aumentou, passando de 35,6 por 100 mil habitantes em 2003 para 39,8 por 100 mil em 2023, conforme dados do Ministério da Saúde. Amazonas e Rio de Janeiro lideram as estatísticas, com coeficientes de 86,3 e 71,7 casos por 100 mil, respectivamente.

No ano passado, os profissionais de saúde registraram 84.858 novos casos, sendo 68% em homens, com idade média de 40 anos. A população negra (pardos e pretos) corresponde a 60,6% dos diagnósticos. A taxa de mortalidade geral foi de 6%, mas entre grupos vulneráveis, como a população em situação de rua, atingiu 22%.

Tratamento

Farrar enfatiza a necessidade de que os sistemas de saúde se tornem resilientes às mudanças climáticas e integrem serviços essenciais para tuberculose em programas de mitigação de riscos, além de contar com mecanismos de financiamento adequados. Segundo ele, pesquisas mostram que, em média, metade das pessoas com tuberculose e suas famílias enfrentam custos que superam 20% da renda familiar anual. Neste caso, considerando despesas médicas diretas e indiretas.

Para erradicar a epidemia, é crucial garantir acesso universal a serviços sociais e de saúde. Além de uma abordagem integrada que inclua diagnósticos, novas vacinas e tratamentos. Em 2023, existem pelo menos 15 novas vacinas candidatas, 28 medicamentos e diversos testes de diagnóstico em fase de ensaios clínicos. No entanto, muitos ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento e careçam de financiamento.

a única vacina contra a tuberculose, a BCG, administrada ao nascimento. | Foto: Reprodução/Canva

Atualmente, a única vacina contra a tuberculose, a BCG, administrada ao nascimento, previne meningite tuberculosa e tuberculose miliar em crianças, mas apresenta eficácia limitada em adultos e adolescentes, que concentram 90% dos casos. Em 2022, a cobertura global do tratamento foi de 70%, com um número ainda menor para crianças de 14 anos ou menos, que ficou em 49%. Segundo dados da OMS, a taxa de sucesso do tratamento para tuberculose resistente a medicamentos é de 63%, e em 2022 apenas duas em cada cinco pessoas com essa condição tiveram acesso ao tratamento.

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