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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Avanço

Aava Santiago é reeleita como voz da representatividade feminina em Goiânia

“O meu maior desafio foi não morrer”, afirma Aava, sobre as dificuldades enfrentadas em sua carreira política

Postado em 11 de outubro de 2024 por Andresa Cardoso
Aava Santiago é reeleita como voz da representatividade feminina em Goiânia | Foto: Assessoria Aava Santiago
Aava Santiago é reeleita como voz da representatividade feminina em Goiânia | Foto: Assessoria Aava Santiago

A reeleição da vereadora Aava Santiago, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), nas eleições de 2024, não é apenas um marco para a sua carreira. Aava se consagrou, neste último fim de semana, como a mulher mais bem votada da cidade de Goiânia em toda a história. Agora, os holofotes estão sobre a cabeça de Aava e, principalmente, para as suas propostas de campanha.

O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, mostrou que a população de mulheres em Goiânia é de 52,6%, enquanto a de homens é de 47,4%. Os desafios em estar presente na política goianiense sendo mulher é um tema a ser discutido, e suas causas, verificadas. Isso porque, em todos os seus anos de existência, Goiânia só elegeu, no máximo, cinco vereadoras.

Aava Santiago contou ao O HOJE como se deu o início de sua trajetória política. A vereadora, que nas Eleições 2020 recebeu 2.865 votos em sua primeira tentativa concorrendo ao cargo, recebeu, em 2024, 10.482 votos. Seu interesse em causas sociais começou aos quinze anos, quando ingressou no curso de Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Aos vinte e cinco anos, Aava discursava em escolas estaduais e municipais, e no ano de 2018, disputou o cargo de deputada estadual.

A vereadora conta que, mesmo não ganhando a eleição para deputada estadual, ela saiu vitoriosa: “Em uma eleição com baixa representatividade de mulheres, elas podem se sentir desestimuladas a disputarem novamente porque perderam. Mas eu tenho certeza que perdi a eleição, mas fui vitoriosa politicamente, porque se eu não tivesse disputado em 2018, eu não teria tido coragem de ser candidata em 2020”. Ela diz que os votos que recebeu a fizeram sentir que existia espaço para que ela pudesse implementar suas ideias.

Santiago ainda conta que viveu, desde essa época, uma de suas pautas defendidas na campanha: a defesa pelo respeito e dignidade de mães. Ao retornar de sua licença-maternidade, ela foi despedida, o que também a motivou a tentar as eleições para o cargo de vereadora em 2020. Assim, ela pôde começar a trabalhar em iniciativas que beneficiam mulheres, mães, jovens periféricos e que facilitam o acesso à educação.

Desafios enfrentados

A socióloga Josileide Veras, especializada em políticas públicas, aponta que a vitória de Aava e sua posição como vereadora mais bem votada de Goiânia se deve à forma como ela se posiciona no parlamento e como defende as suas propostas. Veras indica que a abordagem de Santiago, ao estar sempre atenta às ações da administração pública de Goiânia, chama a atenção da população pela sua coragem. A maneira de Aava enfrentar, segundo Josileide, uma “Câmara de Vereadores tão masculina e muito conservadora” pode ser um indicativo de sua popularidade.

“O meu maior desafio foi não morrer”, relata Aava, sobre as dificuldades enfrentadas em sua carreira política. Um mês após assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Educação, em fevereiro de 2021, Aava foi chamada por familiares de presidiários da Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (POG). Ela, que já acompanhava essas pessoas desde antes do mandato, realizou uma mobilização na porta da penitenciária. Os familiares dos encarcerados não tinham notícias deles: “Eles não sabiam se eles estavam bem, se estavam recebendo comida, recebendo remédios”, conta Aava.

A vereadora relata que, após a mobilização vir à público, ela começou a receber diversas mensagens de ódio. Uma delas, inclusive, ameaçava seu filho, com menos de dois anos de idade. Assim, ela precisou recorrer a uma medida protetiva para ela e o filho durante três meses daquele ano. Outros desafios existiram para a vereadora, que se apresenta como oposição na Câmara. Aava diz que, por não estar de acordo com a negociação das propostas apresentadas, acabou “ficando sozinha nos enfrentamentos, e enfrentar estruturas gigantescas de maneira solitária é muito adoecedor”.

Para Aava, o antídoto para driblar os desafios em sua carreira política foi firmar uma equipe majoritariamente feminina e também com mães presentes. E até mesmo essa estratégia é um posicionamento: “Eles nos demitem depois da licença-maternidade, dizendo que o nosso trabalho vai render menos porque a gente tem filho pequeno; pois o mandato que mais rendeu na história da Câmara de Goiânia é feito por mães”, conclui.

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