Eleito em uma das disputas mais acirradas da história de Goiás, o prefeito eleito de Morrinhos, Maycllyn Carreiro (PL), esteve no estúdio do jornal O Hoje na última quinta-feira, 10, para uma conversa com jornalistas do grupo. Na ocasião, o jovem político falou sobre suas expectativas para os próximos quatro anos à frente do município e, claro, das dificuldades que precisou superar para chegar à cadeira mais cobiçada da política local. 

“Foi uma eleição indescritível. Uma eleição que ao início foi também muito desacreditada. Mas posso dizer que eu conheço Morrinhos. Já fui vereador, já fui deputado estadual por aquela cidade e por isso conhecia muito bem o sentimento da população. Por isso trabalhamos com muita dedicação e seriedade. Fizemos uma campanha moderna para mostrar que a nossa gestão também será assim E o povo entendeu a necessidade de renovação política”, disse. 

Com 33,9% dos votos válidos, Maycllyn terminou a disputa com apenas 49 votos à frente do segundo colocado, Rogério Troncoso (MDB), que obteve 33,73% do eleitorado. O terceiro lugar e atual prefeito, Joaquim Guilherme (PSDB), também performou bem, atingindo a marca de 31,9%. O pleito foi de longe o mais acirrado da história do município. 

“Alcançamos a vitória em um cenário de desequilíbrio eleitoral gigantesco. Estávamos enfrentando o atual prefeito que já vinha do seu terceiro mandato com a máquina da prefeitura e uma gestão muito forte; enfrentamos também o ex-prefeito da cidade, que ficou por quatro vezes prefeito e era o candidato do governador Ronaldo Caiado. Sem contar os apoios dos presidentes do Sindicato Rural e da Complem, por exemplo. Mas o povo correu disso”, explicou.

Questionado sobre a decisão do governo em apoiar seu adversário, Maycllyn disse ter ficado “chateado” com a situação. O político, vale lembrar, foi um dos principais defensores da gestão Ronaldo Caiado durante passagem pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Por vezes, chegou a ser chamado de vice-líder tamanho o alinhamento com o governador e suas pautas. 

“Eu esperava a neutralidade. Sempre foi dito que onde tivesse dois candidatos da base o governador não entraria, mas isso não aconteceu”, disse o prefeito eleito antes de completar que apesar dos desafios postos sob a mesa, teve a “coragem” de lutar contra tudo e contra todos. “Fiquei chateado, obviamente. Achei ruim o discurso caloroso que foi feito contra nós lá em Morrinhos. Mas vou passar uma borracha”, garantiu. Questionado o motivo da decisão, disparou: “Da mesma forma que eu preciso do governo, o governo precisa de mim em seus projetos políticos. Tenho certeza que no momento certo iremos conversar”. 

Carreiro, como dito, concorreu pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL. Quando questionado se esse fato o favoreceu, Maycllyn considerou que sim, mas que isso por si só não bastaria. “Morrinhos é uma cidade conservadora, de direita. O Bolsonaro teve lá quase 60% dos votos. Tive a oportunidade de sentar com o Bolsonaro e ele gravou um vídeo pedindo apoio ao meu nome. Mas todo candidato, por mais bem apoiado que seja, tem que apresentar o seu próprio projeto, tem que ter identidade própria, propostas, mostrar que é ele quem vai governar de fato”. 

E continuou: “Eu apoiei o Bolsonaro, mas hoje o presidente é outro. Então eu tenho que mostrar a minha capacidade, o meu relacionamento, para poder buscar recursos com o atual governo. Então como um candidato a prefeito poderia fazer uma campanha pautada somente  em um outro nome, um outro governo?”, questionou depois de considerar que avalia ter sido esse o maior erro de seu principal adversário que teria, em outras palavras, se escorado no governo de Ronaldo Caiado.