O PCS Lab, um laboratório no Rio de Janeiro, está no centro de um escândalo envolvendo transplantes contaminados com HIV. A instituição foi responsável pelos testes sorológicos de seis pacientes que receberam órgãos infectados. Após a descoberta, o laboratório foi interditado e seus contratos com o Governo do Estado suspensos. No entanto, essa não é a primeira vez que o PCS Lab enfrenta acusações de erros graves em exames.

Com mais de 50 anos de atuação na Baixada Fluminense, o laboratório acumula processos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). São seis casos de pacientes que alegam ter recebido resultados errados em exames, incluindo testes de HIV, gravidez, HPV, fator RH e colesterol. As denúncias variam em gravidade, mas todas apontam para erros que impactaram a saúde e a vida emocional dos pacientes.

Histórico de Falhas

Um dos casos mais antigos envolvendo o PCS Lab é de 2010, quando um paciente da unidade de Belford Roxo recebeu um resultado falso positivo para HIV. Somente após dois meses, e novos exames em outro laboratório, ele descobriu que não tinha o vírus. Em 2023, o paciente fechou um acordo de R$ 20 mil com os sócios do laboratório após vencer na Justiça.

Outro erro grave ocorreu em 2022, quando uma jovem de Belford Roxo foi ao laboratório para confirmar sua gravidez. O exame deu positivo, e ela chegou a comemorar. Contudo, ao buscar a versão impressa do teste, foi informada que o sistema havia registrado um erro e que ela não estava grávida. Um mês depois, a jovem descobriu, por meio de uma ultrassonografia em outro laboratório, que estava de fato grávida.

Outros Casos de Erro

Não foi a primeira vez que o PCS Lab errou em exames de gravidez. Em 2019, uma outra jovem da mesma cidade teve um resultado negativo, mesmo apresentando sintomas claros de gestação. Apenas semanas depois, em um exame de outro laboratório, ela descobriu que estava grávida.

Já em 2022, uma grávida de Nova Iguaçu fez um exame de Fator RH no PCS Lab. O resultado foi O Negativo, o que indicava a necessidade de uma injeção de imunoglobulina. Contudo, a mãe da jovem lembrou que, desde a infância, ela era RH O Positivo. Novos exames confirmaram a informação da mãe, e o caso ainda tramita no TJRJ.

Um outro erro marcante envolveu uma jovem de Mesquita, que foi diagnosticada erroneamente com HPV em 2017. Ela chegou a iniciar o tratamento para câncer do colo do útero, causado pelo vírus, quando descobriu, por meio de novos exames, que não tinha a doença.

Transplantes com HIV

O episódio mais grave envolvendo o PCS Lab veio à tona recentemente, com a contaminação de seis pacientes após transplantes de órgãos. O laboratório realizou os testes sorológicos nos doadores, mas não identificou que os órgãos estavam infectados com HIV. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o caso como “intolerável” e instaurou uma investigação formal para apurar responsabilidades.

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Uma comissão multidisciplinar foi criada para dar suporte médico e psicológico aos pacientes afetados. O Ministério da Saúde também determinou uma auditoria e a repetição de testes nos doadores.

Relações Políticas

Dois dos três sócios do PCS Lab têm laços familiares com o deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), ex-secretário de Saúde do Estado. Walter Vieira e Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, tio e primo do parlamentar, são sócios da empresa. No entanto, o deputado negou qualquer envolvimento na escolha do laboratório e defendeu punições severas aos responsáveis pela contaminação.

A assessoria do laboratório divulgou uma nota informando que uma sindicância interna está em andamento para apurar as falhas. O PCS Lab afirmou seguir os protocolos da Anvisa e do Ministério da Saúde na realização de exames e destacou que está prestando assistência aos pacientes contaminados.

Futuro do Laboratório

Enquanto o caso dos transplantes com HIV segue em investigação, os outros processos contra o PCS Lab também continuam no TJRJ. Os pacientes afetados por erros nos exames buscam indenizações pelos danos sofridos. A reputação do laboratório, que sempre destacou a realização de exames a preços acessíveis, está em jogo.

O desfecho das investigações e o andamento dos processos judiciais podem trazer à tona novas revelações sobre a gestão e a qualidade dos serviços prestados pelo laboratório. Para os pacientes que tiveram suas vidas impactadas pelos erros, a esperança é de justiça e reparação.