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terça-feira, 26 de novembro de 2024
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Saneamento Básico

Apenas 63% da população goiana tem acesso a uma rede de esgoto

Nesta última quinta-feira (10), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou um dado alarmante sobre o Brasil: cerca de 12 milhões de crianças brasileiras não tinham acesso ao esgoto e cerca de 2 milhões também não tinham acesso à água. Essa divulgação foi uma pesquisa em colaboração com o Instituto Brasileiro de […]

Postado em 14 de outubro de 2024 por João Reynol

Nesta última quinta-feira (10), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou um dado alarmante sobre o Brasil: cerca de 12 milhões de crianças brasileiras não tinham acesso ao esgoto e cerca de 2 milhões também não tinham acesso à água. Essa divulgação foi uma pesquisa em colaboração com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os dados do Censo de 2022. Tal dado revela um grande número de famílias em situação de vulnerabilidade socail que afetam principalmente as minorias visto que 70% dessas crianças com acesso inadequado ao esgoto são das raças pretas ou pardas. 

 

Com esse levantamento, o Jornal O HOJE fez uma apuração sobre o tópico em Goiás com o Censo de 2022 do IBGE no Centro-Oeste. De acordo com os dados, a maior proporção percentual dos moradores da região Centro-Oeste sem o abastecimento de água são as crianças e adolescentes, correspondendo a quase 1 por cento. Apesar de baixo, é o mais avançado levando em conta os outros patamares demográficos que apontam que flutuam entre 0,4 e 0,5.

 

A nível Estadual, segundo os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2022 (SNIS) em Goiás apenas 63,1% da população do Estado é atendida por uma rede de esgoto, cerca de 4,4 milhões de goianos. Um salto do número apontado anteriormente de 37,6% em 2010, mas longe de atingir a meta definida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030 de 100% de acesso a uma rede de esgoto. Outro dado do SNIS revela que 89,1% dos goianos têm acesso à água e 90,3% têm cobertura de coleta de resíduos sólidos domiciliares, respondendo a cerca de 6 milhões de pessoas.

 

A nível municipal, 79,19% da população de Goiânia é atendida por uma rede de esgoto, enquanto isso, 95,41% da população da Capital é abastecida por uma rede de encanamento. Em relação a outros municípios da Região Metropolitana de Goiânia, 60,76% da população aparecidense é conectada a uma rede de esgoto e 72,3% é abastecida com água. Por outro lado, municípios como Bonfinópolis, a 37 quilômetros da Capital, possui apenas 1,5% da sua população com acesso a uma rede de esgoto. Já Hidrolândia, a 34 quilômetros da Capital, tem apenas metade (50%) da sua população com acesso a uma rede geral de água. 

 

Para a estudante e pesquisadora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e representante da Associação Goiana de Engenheiros Ambientais (Ageamb), Caiene Reinier, um outro problema que não é apontado nessas pesquisas é quanto ao tratamento do esgoto. De acordo com a representante, grande parte do esgoto coletado no Brasil não é tratado para que retorne de forma mais limpa ao meio-ambiente. Segundo a pesquisadora, tratar o esgoto é um investimento caro, pois se deve remover ou neutralizar tanto o material orgânico quanto o material químico e mineral.

 

Enquanto isso, o esgoto não coletado possui um outro problema que também pode impactar ainda mais os recursos hídricos. “O esgoto não coletado vai para os cursos de água ou para o solo nos sumidouros ou para a própria fossa. Isso impacta tanto a qualidade do solo quanto a qualidade ambiental dos cursos hídricos superficiais. Pode degradar a vida aquática e os macroinvertebrados que habitam nessas regiões”.

 

A falta de um sistema de esgoto também implica questões de saúde pública e higiene pessoal, como a proliferação de doenças e veiculação de vetores de outras mazelas. Ainda para a pesquisadora, o Brasil se encontra em um contexto de semi escassez hídrica e de semi degradação dos recursos hídricos. Tanto pela falta de um tratamento de esgoto quanto pela não fiscalização e proteção de suas bacias. “Ao longo dos anos tem sido uma política brasileira a degradação do meio ambiente a detrimento do desenvolvimento econômico, e isso é insustentável, há muito despejo nos afluentes.” 

 

Enquanto isso, a falta de um sistema de abastecimento de água pode também impactar em outras áreas além da saúde pública como na qualidade e expectativa de vida da população. Como pontua, grande parte das comunidades que não são abastecidas por água fazem parte do meio rural, essas pessoas, em grande maioria as mulheres, têm de alocar tempo e esforço para fazer a coleta da água ao invés de alocar este investimento em outras áreas como a aprendizagem.

 

Por outro lado, aponta como o saneamento básico também aborda outros temas referentes ao uso da água, como a drenagem urbana e coleta de resíduos sólidos. Em Goiânia, por exemplo, apesar de possuir Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) atualizado em 2024, o mesmo ainda é ausente em regiões não centrais da Capital. Em épocas de chuvas, a falta de um sistema de drenagem pode significar uma questão de vida ou morte para todos os envolvidos. A exemplo disso, lembra o caso da Samyla Vitória, de apenas seis anos, que morreu depois de ser levada pela força de uma correnteza decorrente da falta de uma drenagem urbana em Aparecida.

 

Por outro lado, a água na superfície também pode veicular doenças graves para grupos de risco caso não haja o devido tratamento médico. Contudo, lembra como também é responsabilidade da população do cuidado com com o meio ambiente e por isso aposta na educação ambiental para remediar parte do problema. 

 

“Não adianta infraestrutura se todos não tivermos o cuidado necessário. Observamos que as ferramentas audiovisuais nos ajudam demais. As pessoas comuns precisam entender que a tampa de uma caneta, por exemplo, se for jogada em uma curso hídrico perto de uma rede de abastecimento e não for retirada até o tratamento, isso pode estragar e causar um problema no fornecimento da água para muitas pessoas.”

 

Municípios da Região Metropolitana de Goiânia conectados em uma rede de esgoto e abastecidos com água em porcentagem (%). Fonte: Censo 2022 do IBGE

 

Goiânia – 79,19% – 95,41% 

Abadia de Goiás17,5% – 63,3% 

Aparecida de Goiânia – 60,76% – 72,3%

Aragoiânia – 4,37% – 60,61% 

Bela Vista de Goiás40,66% – 64,7% 

Bonfinópolis – 1,5% – 87,15% 

Brazabrantes – 0,97% – 84,88% 

Caldazinha – 1,29% – 56,14% 

Caturaí – 3,57% – 75,23% 

Goianápolis – 3,78% – 84,16%

Goianira – 26,37% – 70,82% 

Guapó – 48,69% – 83,22% 

Hidrolândia – 10,16% – 49,69% 

Inhumas – 61,96%86,6% 

Nerópolis – 2,63% – 71,34% 

Nova Veneza – 2,45% – 76,33%

Santa Bárbara de Goiás – 1,29% – 87,43%

Santo Antônio de Goiás – 0,72% – 81,25%

Senador Canedo – 11,33%  – 91,35%

Terezópolis de Goiás – 56,24% – 74,89%

Trindade – 49,54% – 87,04%

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