A luta e o apagamento de Bernardo Monteagudo na história sul-americana
Revolucionário afro-argentino e aliado de San Martín e Bolívar, Monteagudo foi silenciado e teve sua imagem distorcida após seu assassinato no Peru
Bernardo José de Monteagudo, nascido em Tucumán em 20 de agosto de 1789, foi um revolucionário afro-argentino de destaque na história sul-americana. Em apenas 35 anos de vida, ele fez parte de movimentos revolucionários no Chile, Peru e Buenos Aires, ao lado de líderes como José de San Martín e Simón Bolívar. Porém, após seu assassinato em 28 de janeiro de 1825, no Peru, sua história foi propositalmente apagada e sua imagem branqueada.
Monteagudo iniciou sua trajetória intelectual na Universidade de Chuquisaca, na Bolívia, onde se formou em direito e logo se destacou como líder político. Aos 20 anos, publicou um texto revolucionário que questionava a colonização espanhola e defendia o direito de autogoverno dos povos americanos. Sua obra foi um catalisador para a Revolução de Chuquisaca, em 1809, que, embora reprimida, se espalhou pela América do Sul.
Após ser preso e fugir, se estabeleceu em Buenos Aires, onde atuou como jornalista e participou ativamente da política local. Ele fundou jornais e organizações que lutavam pela independência e pelos direitos humanos, como a liberdade do útero e o fim da servidão indígena. Suas ideias avançadas o tornaram um alvo de perseguição, levando-o ao exílio na Europa.
De volta à América do Sul, se juntou ao Exército dos Andes de San Martín e teve papel fundamental na redação de leis e na imprensa revolucionária do Chile e do Peru. Em Lima, assumiu cargos importantes, mas seus inimigos o forçaram a buscar proteção com Bolívar, na Grande Colômbia, onde continuou sua luta pela liberdade e pela união dos povos hispano-americanos.
Seu assassinato em Lima, aos 35 anos, levantou suspeitas e permaneceu sem uma conclusão definitiva sobre os mandantes. Mesmo após sua morte, ele foi alvo de apagamento e branqueamento histórico, sendo representado em livros e monumentos como um homem branco, contrariando sua origem afrodescendente. Estudos recentes de universidades, como a Universidade de Buenos Aires, e um retrato de sua época no Peru confirmam sua ascendência afro-argentina, mas a narrativa racista que negou seu legado persiste.