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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Coqueluche

Coqueluche no Brasil: ameaça silenciosa e a importância da vacinação

A coqueluche, infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis

Postado em 18 de outubro de 2024 por Micael Silva
Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2010 e 2020, o País registrou 7.610 casos da doença Foto: Divulgação
Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2010 e 2020, o País registrou 7.610 casos da doença Foto: Divulgação

 

A coqueluche, infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis, tem se mostrado um problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente no Brasil. Com uma incidência crescente nos últimos anos, essa doença é marcada por crises intensas de tosse seca, podendo comprometer a traqueia e os brônquios, afetando principalmente crianças menores de seis meses. Sem tratamento, a coqueluche pode levar a complicações graves e até à morte.

 

Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2010 e 2020, o Brasil registrou 7.610 casos de coqueluche, com um pico de 2.390 casos em 2016. A maior parte das infecções ocorreu em crianças menores de um ano, um grupo altamente vulnerável. Em 2019, o estado de São Paulo notificou um aumento expressivo de casos, o que levou as autoridades a intensificarem as campanhas de vacinação e conscientização sobre a doença.

 

Em Goiás, ocorreram três surtos de coqueluche em 2024, sendo dois em escolas e um em domicílio. As principais medidas adotadas incluem a notificação de casos suspeitos, verificação da vacinação, investigação e quimioprofilaxia dos contatos, conforme diretrizes do Ministério da Saúde. 

 

Mortes por coqueluche

Os últimos óbitos por coqueluche ocorreram em 2014, e até 2018 a doença afetava principalmente crianças menores de 1 ano. Em 2024, no entanto, a faixa etária mais impactada foi de 10 a 14 anos. O estado também promove campanhas de conscientização e treinamentos para profissionais de saúde, reforçando a importância da vacinação para evitar casos graves e óbitos.

 

A falta de cobertura vacinal e a disseminação de desinformação sobre vacinas têm sido fatores determinantes no aumento dos casos de coqueluche no Brasil. Um exemplo alarmante dessa situação é o relato de Lilian Fernandes Mendanha, mãe de Lucas, um jovem de 16 anos. Inicialmente diagnosticado apenas com rinite, Lucas enfrentou uma longa jornada até que o diagnóstico correto de coqueluche fosse feito.

 

“A médica disse que era só rinite e recomendou apenas lavar o nariz dele com soro”, conta Lilian. Com o agravamento dos sintomas, a mãe buscou outras opiniões médicas e, somente após uma série de consultas e exames, foi confirmada a coqueluche.

 

Preocupação

Preocupada com a possibilidade de outros casos semelhantes, Lilian entrou em contato com a Vigilância Sanitária para alertar sobre a situação. No entanto, a resposta recebida foi desanimadora. “Até o momento, não estamos monitorando um aumento consistente de casos que justifique um alerta à população”, informou o órgão, orientando apenas o isolamento até o desaparecimento dos sintomas e o tratamento adequado.

 

Contudo, a mãe de Lucas alertou sobre a dificuldade de diagnóstico. “Os médicos estão diagnosticando a coqueluche como pneumonia. Não estão conseguindo identificar corretamente. Eles estão tratando como se fosse rinite ou pneumonia, como aconteceu com os colegas do meu filho”, ressaltou.

 

A situação levanta questões sobre a eficácia do diagnóstico e do tratamento da coqueluche, especialmente numa época em que as infecções respiratórias são comuns. O médico infectologista Marcelo Daher explica que a coqueluche é caracterizada por uma tosse irritativa e contínua, seguida de um guincho, que ocorre devido à dificuldade respiratória. “Normalmente, essa tosse é acompanhada de febre, e o diagnóstico em casos leves é feito com um swab, que é a coleta de material para diagnóstico”, esclareceu.

 

O tratamento para a coqueluche geralmente envolve o uso de antibióticos, que podem ser orais nos casos leves ou injetáveis nos casos mais graves. Crianças menores de seis meses são as mais afetadas, pois muitas ainda não tiveram a oportunidade de serem vacinadas. Daher também destacou a importância da vacinação de gestantes a partir da 20ª semana de gestação. 

 

“A vacina DTPa protege a mãe e, indiretamente, a criança contra a coqueluche. A criança começa a vacinação aos dois meses de vida, com doses adicionais aos quatro e seis meses, e reforços ao um ano e meio, quatro anos, e a cada dez anos após isso”, explicou o médico.

 

Recuperação

A recuperação da doença é possível, mas a coqueluche pode ter complicações graves, e a vacina não oferece proteção permanente. Por isso, Daher enfatiza a importância de vacinar até mesmo aqueles que já tiveram a doença. “É fundamental manter a vacinação em dia, pois a doença pode reemergir e representar uma grave ameaça à saúde, especialmente em populações vulneráveis”, alertou.

 

Diante da reemergência da coqueluche e das dificuldades de diagnóstico, a situação exige uma mobilização conjunta da sociedade e das autoridades de saúde. É essencial garantir que todos estejam conscientes da importância da vacinação e do monitoramento adequado dos sintomas, a fim de prevenir a propagação dessa infecção potencialmente fatal. A coqueluche pode ser um desafio silencioso, mas a conscientização e a ação proativa podem fazer a diferença na proteção da saúde pública.

 

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