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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
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política

PF investiga grupo que usou ‘Teatro Invisível’ para espalhar fake news em campanhas eleitorais no RJ

A atuação do grupo foi detectada em Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e Paraty

Postado em 18 de outubro de 2024 por Yasmin Farias
PF investiga grupo que usou 'Teatro Invisível' para espalhar fake news em campanhas eleitorais no RJ
Foto: Divulgação/PF.

A Polícia Federal (PF) está investigando um grupo que utilizou atores para disseminar fake news contra candidatos em várias cidades do estado do Rio de Janeiro durante a eleição municipal deste ano e na pré-campanha. Além de São João de Meriti, onde o esquema foi inicialmente identificado, a atuação do grupo foi detectada em Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e Paraty.

De acordo com as investigações, o grupo utilizava a técnica chamada “Teatro Invisível” desde 2016 em pelo menos 13 cidades do estado. No entanto, ainda não está confirmado se essa prática foi repetida em todas as localidades nas eleições deste ano. Os candidatos possivelmente beneficiados pela estratégia não são, até o momento, alvo direto da investigação.

A tática do grupo consistia em espalhar atores pelas ruas para influenciar a opinião pública, disseminando boatos em locais como pontos de ônibus, praças e mercados. Em Itaguaí, um dos casos com mais provas, mensagens de WhatsApp revelam um esforço coordenado para criticar o candidato Donizete (União Brasil) e favorecer o então prefeito, Dr. Rubão (Podemos). “No teatro, falamos sobre o caráter duvidoso de Donizete, mencionando, por exemplo, que ele não pagou por um serviço de bandeirinha”, disse um dos envolvidos.

Além disso, os atores recebiam instruções para encontrar eleitores insatisfeitos com Donizete e coletar depoimentos que pudessem ser usados contra ele. “É importante focar em encontrar pessoas que se sentiram enganadas por ele”, orientava um dos supervisores, alertando também sobre a necessidade de disfarçar o apoio ao prefeito Dr. Rubão para evitar suspeitas.

A atuação do grupo ia além, chegando a sugerir que seus integrantes se infiltrassem em grupos de apoio à campanha adversária. Apesar dos esforços, a candidatura de Dr. Rubão foi considerada irregular, mesmo ele tendo recebido 39% dos votos. O resultado da eleição ainda está pendente de julgamento.

Em outras cidades, como Mangaratiba, Cabo Frio e Paraty, a PF encontrou relatórios da pré-campanha, alguns datando de 2023. Esses documentos incluíam opiniões de eleitores sobre candidatos, além de detalhes operacionais, como rotas a serem seguidas, horários e metas de abordagens. Em Mangaratiba, por exemplo, o relatório mencionava o então deputado estadual Luiz Cláudio (Republicanos), que acabou sendo eleito prefeito com 50,18% dos votos.

Em Cabo Frio, as opiniões coletadas entre março e abril sobre o deputado estadual Dr. Serginho (PL) foram utilizadas durante a campanha. Serginho venceu no primeiro turno com 69% dos votos. Já em Paraty, um relatório de setembro do ano passado avaliava o prefeito Luciano Vidal (MDB) e seu adversário Zezé Porto (Republicanos), que venceu a eleição com 54% dos votos contra Carla Lacerda (MDB), candidata apoiada por Vidal.

A investigação segue em andamento para identificar todos os envolvidos e a extensão das atividades do grupo.

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