Estudante de medicina é investigado por fraudar provas de vestibular
Em fevereiro, o estudante de medicina foi preso por ter realizado presencialmente pelo menos duas provas do Enem no lugar de outros acadêmicos
O estudante de medicina André Rodrigues Ataíde está sendo investigado por envolvimento em fraudes em vestibulares. Ele teria se especializado em burlar o monitoramento de provas de admissão online em faculdades privadas, que costumam exigir o uso de microfone e câmera para fiscalização durante os exames. Segundo o programa Fantástico, um vídeo em que André explica a um candidato de vestibular como enviar as perguntas da prova e receber as respostas. No vídeo, ele orienta o candidato a manter o olhar fixo na tela para evitar alertar os fiscais. “Se tu olhar para o lado aqui como eu tô olhando, o sensor, o programa vai indicar para o fiscal e ele vai ficar enchendo teu saco”, instrui André.
A Polícia Federal (PF) identificou que, em quatro estados, 30 candidatos teriam contratado os serviços de André para burlar 107 provas de vestibular. Na última quarta-feira, foram cumpridos 27 mandados de busca em casas de candidatos e cúmplices. Segundo a PF, André contava com uma equipe de 32 pessoas envolvidas na resolução ou transmissão de respostas aos candidatos. Em um dos casos, ele chegou a conduzir nove provas simultaneamente para diferentes candidatos, com a ajuda de colaboradores, como explicou o delegado da Polícia Federal, Ezequias Martins.
Em fevereiro, André foi preso por ter realizado presencialmente pelo menos duas provas do Enem no lugar de outros estudantes. A fraude foi comprovada por meio da comparação das assinaturas e da caligrafia de André com as dos estudantes aprovados, incluindo um que já cursava medicina na Universidade Estadual do Pará (Uepa), onde André também estudava. Atualmente, ele é réu na Justiça Federal e responde em liberdade, podendo ainda ser processado pela Justiça estadual do Pará pelos mesmos crimes.
Em abril, André cancelou sua matrícula na Uepa, onde já enfrentava um processo de expulsão, mas continuou seus estudos em medicina na Faculdade de Ciências Médicas do Pará (Facimpa), em Marabá. Segundo o delegado, apesar das vulnerabilidades nos sistemas de monitoramento das faculdades, essas instituições são tratadas como vítimas na investigação.