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sábado, 23 de novembro de 2024
Eleições

Nacionalização na disputa por Goiânia pode ser termômetro para 2026

Rivalidade improvável de Caiado e Bolsonaro se tornou realidade com Mabel e Fred no segundo turno

Postado em 21 de outubro de 2024 por Thiago Borges
Nacionalização na disputa por Goiânia pode ser termômetro para 2026
O ex-presidente Jair Bolsonaro disputa com o governador Ronaldo Caiado o segundo turno na Capital Foto: Divulgação

Entre os aspectos da política brasileira, talvez o mais recorrente, e impressionante, é a volatilidade. A dinâmica da política traz consigo alianças e rivalidades improváveis. Em Goiânia, o segundo turno entre Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil) colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador Ronaldo Caiado em palanques opostos, cada um apadrinhando o candidato de sua base. O embate direto nacionalizou a disputa, e pode ser um termômetro para a disputa em 2026.

Não é novidade para ninguém que Caiado almeja ocupar o posto de presidente da República a partir de janeiro de 2027. O caminho do governador goiano até lá passa por se consolidar como o principal candidato da direita, posto que está indefinido desde a inelegibilidade de Bolsonaro. O governador já demonstrou força no Estado, com seu partido liderando o número de prefeituras. Porém, vencer na capital – que historicamente não elege os candidatos apoiados pelo governo estadual – contra o candidato do PL seria um marco para Caiado, visto que a cidade tem forte apelo bolsonarista.

A disputa chama atenção da mídia nacional. Em entrevista ao jornal O Globo, Caiado já afirmou que Fred “não tem competência e nem capacidade de gestão”. Além disso, respondeu aos ataques indiretos de Bolsonaro, em entrevista para a Folha de S. Paulo, dizendo que “Deus o poupou do sentimento do medo” e que será candidato em 2026. Em visita à Goiânia, durante comício de Fred, o ex-presidente criticou a postura de Caiado, sem citá-lo, na pandemia. “Governador covarde, não tinha como fugir do vírus”, disse Bolsonaro, que posteriormente afirmou não ter se referido especificamente a Caiado na fala, e sim aos governadores que seguiram as ordens de restrição dos órgãos de saúde.

Para vencer uma eleição no embate mano a mano, as campanhas partem para o “vale tudo”. Enquanto a base bolsonarista associa Mabel ao PT, Caiado sai em resposta dizendo que não é “recém convertido à direita”, alfinetando Fred, que já admitiu ter votado em Lula em 2002. Hoje rivalizando, os rumores da pré-campanha cogitaram uma coligação entre os partidos de Caiado e Bolsonaro. O União Brasil desejava o PL compondo a vice em sua chapa majoritária. Não aconteceu. A candidatura de Fred demorou a engrenar, diferente de Mabel, que liderou a maioria das pesquisas. O embate esperado, ao longo da campanha, não era entre os candidatos à direita. Com isso, a maioria dos ataques de ambos os lados se restringem ao segundo turno, entretanto são cada vez mais agressivos.

Leia mais: Gomide mira passado e Márcio no conservadorismo anapolino

Caiado e Bolsonaro se tornaram aliados estratégicos. O governador nunca demonstrou o perfil de fiel escudeiro do bolsonarismo – característica comum entre os principais políticos do PL – e travou discordâncias com o ex-presidente, enquanto Bolsonaro ocupava o Executivo federal. Os ânimos aflorados e a rivalidade no segundo turno em Goiânia, porém, não impedem uma aproximação futura.

É a avaliação do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), um dos fieis escudeiros do conservadorismo bolsonarista. O parlamentar afirmou, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, que “em política tudo é possível”. “Os dois discordaram na pandemia e depois se entenderam; não dá para afirmar”, constatou Gayer, sobre uma possível aliança entre o governador e o ex-presidente em 2026.

A volatilidade do jogo político permite que a rivalidade de Bolsonaro e Caiado seja passageira e se restrinja às eleições goianas. Porém, o relacionamento pode vir a manter distância, e os políticos venham repetir o cenário em Goiânia, e disputar espaço no campo ideológico direitista em 2026. (Especial para O Hoje).

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