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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Agronegócio

Queda na produção de cana-de-açúcar em Goiás vai impactar preço do etanol

A queda na área de plantio e colheita vai impactar diretamente no preço do etanol, diz especialista.

Postado em 22 de outubro de 2024 por Ronilma Pinheiro
Legenda: Queda na produção de cana-de-açúcar será de -2,1% ou 15 milhões de toneladas Foto: Reprodução/Conab.

O estado de Goiás, que se mantém como o quarto maior produtor de grãos do Brasil, assim outras regiões do país, enfrenta uma redução nas projeções de produção e colheita da safra 2024/25. A previsão para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas no estado é 4,5% menor do que a de 2023. Além disso, a estimativa para a produção de cana-de-açúcar sofreu um corte significativo, devido à diminuição da área plantada e ao rendimento reduzido.

Em relação à queda na plantação de cana-de-açúcar em Goiás, o engenheiro agrônomo Ênio Fernandes, ao analisar os dados divulgados pelo IBGE, que indicam uma diminuição significativa na área plantada e no rendimento da produção, explica que o ciclo de plantio da cana no Estado ocorre no final de abril.

No entanto, no ano passado, as chuvas anteciparam-se, dificultando o plantio no período ideal. “Esse fenômeno climático prejudicou tanto a cana que já estava em desenvolvimento quanto as novas plantações. A realidade é que, após décadas, enfrentamos um dos períodos mais longos de seca, o que afetou diretamente a produtividade”, afirma.

Chuvas tardias

Com a expectativa de chuvas mais tardias e menor volume de precipitação, o especialista aponta que a tendência é de uma safra com produtividade reduzida para o próximo ano. “Estamos falando não apenas de Goiás, mas de uma situação que se repete em Minas Gerais e São Paulo, que responde por 60% da produção de cana no Brasil. A projeção é de uma queda generalizada na produção”, alerta.

Esse cenário acende um sinal de alerta para o mercado de etanol. Com a expectativa de uma produção menor de cana, os preços do etanol podem aumentar, impactando diretamente o consumidor final. “O preço do açúcar influencia diretamente a decisão das usinas. Se os preços internacionais do açúcar se mantiverem elevados, as usinas podem priorizar a produção de açúcar em detrimento do etanol, o que pode agravar a situação”, explica Fernandes.

Além disso, a demanda por etanol está intimamente ligada ao crescimento econômico. Projeções do Boletim Focus do Banco Central indicam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 1,5% a 2% para 2024. “Isso significa que a demanda por etanol pode não crescer como o esperado, limitando ainda mais a produção”, complementa.

Quando se observa o cenário do agronegócio como um todo, as perspectivas se mostram diversas e desafiadoras, segundo o especialista. Embora a pecuária de corte esteja vivendo um momento difícil, com altas nos preços da arroba do boi, outras culturas, como milho e soja, enfrentam dificuldades que impactam a rentabilidade dos produtores. “Os preços do milho e da soja estão sob pressão, e muitos produtores estão enfrentando margens muito apertadas. Isso poderá dificultar a capacidade deles de honrar compromissos financeiros”, destaca.

Situação preocupante

Ênio Fernandes menciona que, apesar de algumas culturas estarem se saindo bem, como a laranja, a situação geral do agronegócio em Goiás é preocupante. “É um quadro misto. Temos culturas que vão bem, mas as principais, como cana-de-açúcar e soja, estão sob pressão. Isso afetará a rentabilidade da maioria dos produtores”, afirma.

Com a safra de cana-de-açúcar prestes a começar, a expectativa é de que o clima desempenhe um papel crucial nos próximos meses. “Se tivermos um clima favorável, com chuvas adequadas e temperaturas altas, há potencial para uma recuperação. Porém, a realidade atual aponta para uma safra menor”, afirma.

O engenheiro agrônomo reitera que diante desse cenário, a necessidade de adaptação e planejamento estratégico se torna essencial para os produtores, visando não apenas a sobrevivência em um ambiente desafiador, mas também a sustentabilidade do agronegócio em Goiás. As incertezas climáticas e as dinâmicas de mercado exigem um olhar atento e ações proativas para minimizar os impactos e garantir a estabilidade do setor.

Previsão

A safra de cereais, leguminosas e oleaginosas será de 295,1 milhões de toneladas este ano. O número representa uma queda de 6,4% ou 20,2 milhões de toneladas em comparação à produção de 2023, que alcançou 315,4 milhões de toneladas. Em relação ao mês de agosto, a estimativa caiu 0,4%, com uma redução de 1,2 milhão de toneladas.

Alguns produtos apresentaram queda nas projeções. A produção de laranja deve ser 13% menor em 2024, o equivalente a uma redução de quase 2 milhões de toneladas. Outras quedas expressivas foram observadas no trigo (-6,1% ou 553,6 mil toneladas), na cevada (-8,1%) e na cana-de-açúcar (-2,1% ou 15 milhões de toneladas). 

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