Articulações discretas marcam disputa pela presidência da Câmara
Conversas de corredores e movimentações partidárias marcam os primeiros ensaios de um cenário que vai se desenhar com mais afinco após o segundo turno das eleições
As movimentações pela presidência da Câmara Municipal de Goiânia já começaram. Reuniões discretas, conversas de corredores e movimentações partidárias marcam os primeiros ensaios de um cenário que vai se desenhar com mais afinco após o segundo turno das eleições em Goiânia.
A fim de entender esse contexto, a reportagem do O HOJE conversou com alguns vereadores que, em off, explicaram o clima que paira sobre o Legislativo municipal.
Antes mesmo do resultado das urnas, no dia 6 de outubro, alguns players políticos já comentavam sobre as diferentes possibilidades que passam pelo comando da Casa de Leis.
Com 100% das urnas apuradas e, consequentemente, um novo quadro de vereadores definido — dessa vez 37 —, os holofotes foram naturalmente direcionados para a mais cobiçada cadeira do Parlamento.
Há dois consensos entre os parlamentares consultados. O primeiro deles é que o resultado da disputa entre Sandro Mabel (UB) e Fred Rodrigues (PL) pode influir significativamente no rumo das articulações.
Alguns desses nomes entendem que em um cenário em que Rodrigues termine vitorioso, as chances do PL articular o posto crescem significativamente. Mas não só por isso. Também pelo fato do partido ter eleito o vereador mais bem votado da mais nova legislatura — Major Vitor Hugo terminou a corrida com 15.678 votos.
Em caso de vitória de Sandro Mabel, o entendimento é que a base governista tende a entrar em ação na tentativa de garantir uma “governabilidade tranquila” ao político.
Isso passa, claro, pela eleição de um nome minimamente alinhado com o governo goiano. Ou seja, alguém alheio ao bolsonarismo representado neste pleito por Fred Rodrigues.
O segundo ponto de consenso é que há um grupo ‘favorito’, visto, já, como ‘dominante’, e esse coletivo é encabeçado pelo atual presidente da Casa, Romário Policarpo (PRD). Romário tem direito à reeleição e vai trabalhar para se manter no posto.
Nos bastidores da Casa de Leis, a leitura é de que seus principais prováveis adversários, caso tenha, sejam o vereador Igor Franco e o vereador eleito Lucas Vergílio. Ambos compõem a principal bancada da Câmara, a do MDB.
Como mostrado pela reportagem do O Hoje, o partido ficou sem espaço na eleição pela prefeitura de Goiânia e, para não perder representatividade em meio ao alto clero da política goianiense, pode entrar na briga pela cadeira atualmente ocupada por Policarpo.
“Não que eles estejam na disputa, não é isso, mas são nomes que nitidamente estudam a possibilidade de mergulhar contra Policarpo”, avalia uma das fontes consultadas pela reportagem.
Em política, a análise é que todo e qualquer cenário pode mudar. Mas se a eleição da mesa fosse hoje, o palpite da maioria absoluta dos vereadores e vereadores eleitos é de que Policarpo conseguiria uma recondução tranquila ao posto de presidente da Casa de Leis.
Além de ter terminado a disputa como terceiro mais bem votado da capital — foram 11.496 votos —, o político já tem por trás de seu nome um grupo de aliados um tanto quanto sólido. Seria, em um cenário em que a Justiça Eleitoral o permite brigar pelo 4° mandato consecutivo, um caminho natural a ser percorrido por ele.
Vale lembrar que por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2022, foi firmado um marco temporal para eleição das Mesas Diretoras. Sendo assim, sua reeleição em 2021 passou a contar como primeira. O que permite ao político concorrer, agora, a um quarto mandato como presidente do Poder Legislativo de Goiânia.