Cinco alunos são acusados de antissemitismo pela USP
A USP convocou testemunhas de defesa para depor no dia 14 de novembro
Cinco estudantes da Universidade de São Paulo (USP) estão enfrentando a possibilidade de expulsão por acusações de antissemitismo. Desde novembro de 2023, eles estão sob um processo disciplinar iniciado pela pró-reitoria de graduação, com conclusão prevista para o próximo mês.
As investigações estão sendo conduzidas em sigilo, e a universidade optou por não comentar o caso. Um dos alunos alegou ser alvo de perseguição política por grupos de extrema-direita. Uma comissão, composta pelos professores Gustavo Ferraz de Campos Monaco, da Faculdade de Direito, José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, da Faculdade de Medicina, e Ianni Régia Scarcelli, do Instituto de Psicologia, foi formada para avaliar a situação.
O processo havia sido suspenso desde julho, com os alunos acreditando que seria arquivado. No entanto, em 22 de outubro, a pró-reitoria de graduação enviou um e-mail convocando testemunhas de defesa para depor no dia 14 de novembro. Após isso, o colegiado deverá emitir uma decisão.
Entenda o caso
O caso começou em uma assembleia do Centro Acadêmico Favo de 22, em 23 de outubro do ano passado, onde foi distribuído um documento sobre a guerra entre Israel e o Hamas. O texto descrevia a reação de Israel como “genocida, fascista, colonialista e racista”. A repercussão negativa levou o centro acadêmico a emitir um pedido de desculpas, afirmando que o informe não foi redigido por eles, mas por outro grupo da USP, chamado Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino.
Essa justificativa não foi aceita pela coordenadora do curso de ciências moleculares, Merari de Fátima Ramires Ferrari, que apresentou um relatório e sugeriu punições por supostas violações ao código de ética da universidade e à Constituição Federal, devido à propagação de discursos de ódio.
O pró-reitor de graduação, Marcos Garcia Neira, acatou a proposta de Ferrari e, em 30 de novembro, instaurou um processo contra os cinco estudantes. Três deles são acusados de redigir o informe, enquanto dois são suspeitos de espalhar discursos antissemitas nas redes sociais.
Se as condutas forem confirmadas, os alunos poderão enfrentar sanções que vão desde suspensão até expulsão, conforme previsto no artigo 249 do Regimento Geral da USP, que proíbe atos considerados atentatórios à moral e à ordem.