Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná identificaram que indivíduos que consomem pornografia de forma regular e tentam interromper o hábito abruptamente podem apresentar sintomas físicos semelhantes aos da abstinência de substâncias, como dores de cabeça, calafrios e náuseas. O estudo, publicado no Journal of Addiction Medicine em 2 de outubro, investigou o uso problemático de pornografia (PPU, na sigla em inglês), caracterizado pela compulsão em assistir a esse tipo de conteúdo.

O vício em pornografia já foi vinculado a problemas como disfunção erétil e questões de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade. A nova pesquisa revela que até dois terços dos indivíduos com PPU podem sofrer efeitos físicos ao tentar parar de forma repentina, semelhante ao que usuários de drogas enfrentam durante crises de abstinência.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a PPU como um transtorno de comportamento sexual compulsivo. Essa condição é marcada pela incapacidade de controlar impulsos sexuais intensos, levando o indivíduo a negligenciar relacionamentos e responsabilidades. A compulsão geralmente envolve assistir a conteúdo pornográfico enquanto se masturba.

O diagnóstico é comum quando os sintomas persistem por seis meses ou mais, com o indivíduo tentando, sem sucesso, reduzir ou parar com o hábito. Apesar da frequência de consumo, muitos relatam insatisfação com a experiência.

O estudo brasileiro constatou que, assim como em outros vícios, pessoas com PPU podem desenvolver sintomas físicos de abstinência ao tentarem interromper o consumo. Entre os sintomas relatados estão desejos intensos de assistir pornografia, que frequentemente resultam em recaídas. A pesquisa, que analisou 14 estudos com mais de 31 mil participantes, revelou que 72% dos indivíduos com PPU apresentaram sintomas de abstinência, incluindo efeitos físicos, mentais e sexuais.

Em alguns casos, a gravidade desses sintomas foi tão elevada que levou indivíduos a considerar tratamentos especializados. A masturbação, conforme apontado pelo estudo, pode oferecer alívio temporário. Os cientistas ressaltam que, apesar das conclusões, mais pesquisas são necessárias para compreender a compulsão pelo consumo de pornografia e explorar as causas e a duração dos sintomas de abstinência.