Ser bilíngue atrasa início do Alzheimer em até 5 anos
Os resultados foram publicados na revista Bilingualism: Language and Cognition
Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade Concordia, no Canadá, revela que a fluência em dois idiomas pode atrasar o surgimento dos primeiros sintomas de Alzheimer em até cinco anos, em comparação com falantes de apenas uma língua. Os resultados foram publicados em setembro na revista Bilingualism: Language and Cognition.
Os pesquisadores analisaram imagens cerebrais de adultos mais velhos, tanto bilíngues quanto monolíngues, para investigar a resiliência em regiões do cérebro associadas à linguagem e ao envelhecimento. O grupo de participantes incluía indivíduos cognitivamente saudáveis, aqueles com risco de declínio cognitivo, portadores de comprometimento cognitivo leve e diagnosticados com Alzheimer.
Os resultados mostraram que bilíngues com Alzheimer apresentaram hipocampos maiores e com mais massa cerebral em comparação a monolíngues, mesmo quando pareados por idade, educação e função cognitiva. O hipocampo, crucial para o aprendizado e a memória, é uma das áreas mais afetadas pela doença. Em monolíngues com comprometimento cognitivo, os pesquisadores observaram sinais de atrofia nesta região.
A importância do diagnóstico precoce do Alzheimer é ressaltada, pois a doença tende a agravar-se ao longo do tempo. Embora os sintomas mais comuns se manifestem em pessoas acima dos 70 anos, casos de Alzheimer precoce têm sido observados em indivíduos na faixa dos 30 anos.
Os sinais iniciais incluem perda de memória em tarefas simples, desorientação e dificuldades em tomar decisões cotidianas. Mudanças comportamentais, como aumento da irritabilidade e repetições, também são indicativos.
Kristina Coulter, principal autora do estudo, afirma que a pesquisa sugere uma relação entre bilinguismo e manutenção cerebral. “Falar mais de um idioma é uma forma de engajamento cognitivo e social que pode promover a saúde do cérebro”, explica Natalie Phillips, professora de Psicologia na Universidade Concordia. A pesquisa destaca o potencial impacto do bilinguismo na estrutura cerebral, abrangendo desde indivíduos cognitivamente normais até aqueles em risco de desenvolver Alzheimer.