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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Eleições

Abstenção de eleitores como protagonista no 2º turno

Não comparecimento de goianos aptos a votar chama atenção de especialistas

Postado em 29 de outubro de 2024 por Thiago Borges
Abstenção de eleitores como protagonista no 2º turno
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Fenômeno recorrente na democracia brasileira, especialmente no segundo turno, as abstenções de voto protagonizaram o pleito do último domingo (27). O segundo turno das eleições deste ano registrou a segunda maior ausência dos eleitores nas urnas. Apenas a disputa de 2020, quando a sociedade vivia o contexto de restrições sociais causadas pela pandemia da covid-19, o volume de eleitores que não votaram superou o número deste ano.

No segundo turno, Goiás foi o estado, em proporção, com o maior número de eleitores que optaram por não exercer o direito ao voto. O total de pessoas em situação regular e que não votaram foi de 574.388, número que representa 34,43% do eleitorado goiano. Entre as capitais, Goiânia ficou atrás somente de Porto Alegre. O número de goianienses aptos a votar que não compareceram às seções eleitorais foi de 352.393 – próximo do total de votos computados a Sandro Mabel (União Brasil), candidato que venceu as eleições na capital. A diferença entre os votos para Mabel (353.518) e de quem se absteve foi de 0,32%.

Em Aparecida e Anápolis, cenário semelhante. Na cidade administrativa, 121.750 eleitores não votaram – 35,25% do eleitorado aparecidense. O número se aproximou da quantidade de votos de Leandro Vilela (MDB), que venceu o pleito com 132.230 votos. Em Anápolis, a abstenção foi de 34,24% entre os aptos a votar, que representa 100.195 pessoas. Márcio Corrêa (PL), que assume o comando da prefeitura anapolina em 2025, recebeu 106.263 votos.

Pedro Célio, cientista político e professor na Universidade Federal de Goiás (UFG), entende que a parcela da população que fica “excluída” da democracia é preocupante. “Os fatores estão claramente vinculados à desilusão com as instituições e com a representação política que vem crescendo nos últimos anos”, disse Célio, em conversa com a reportagem do jornal O Hoje. Para o especialista, também falta compromisso da classe política para com os interesses da população. “Se os políticos não se dispuserem a se reencontrar com a linguagem do povo ou a restabelecer compromissos de usar a política para melhorar a vida social, esses índices certamente crescerão”.

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Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), Francisco Itami Campos pontua que o fenômeno é nacional. O especialista detalhou que existe um desinteresse do eleitorado brasileiro em acompanhar as eleições, e que tem aumentado sistematicamente. Itami explica que o crescimento é resultado da ausência de projetos sólidos para a cidade, para os Estados e o país, de modo geral. “São interesses individuais ou de grupos, setores que têm interesses dentro do Congresso, mas que não representam e que não dão retorno para o eleitorado”.

Campos argumenta que, para além da problemática geral de desinteresse do eleitorado brasileiro, o eleitorado goianiense foi atingido, sobretudo no segundo turno, pela prioridade do debate político ideológico dos candidatos. “São muitos os problemas que Goiânia está tendo em termos de lixo, meio ambiente, saúde, educação. São muitos problemas que a população tem vivido e não houve, de certa forma, propostas dessa natureza”, afirma ele.

“Os candidatos ficaram mais num plano ideológico político, discutindo interesses do Bolsonaro e interesses do Caiado. As disputas ficaram muito mais ideologizadas nessa direção, muito mais de interesses políticos, do que realmente em propostas para a cidade”, constatou Itami Campos. (Especial para O Hoje).

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