Nesta sexta-feira (1) o número de mortos pelas enchentes que devastaram a Espanha, especialmente a região de Valência, subiu para 205, informou o governo espanhol. A cidade de Valência, a terceira maior do país, foi a mais atingida, com 202 mortes registradas. Outras três vítimas foram confirmadas nas regiões vizinhas de Castilla-La Mancha e Andaluzia.

As autoridades espanholas alertaram que o número de vítimas pode aumentar, já que dezenas de pessoas continuam desaparecidas. Segundo o ministro dos Transportes, muitos moradores ficaram presos dentro de veículos quando a água subiu repentinamente, dificultando o resgate e agravando o número de vítimas.

As enchentes ocorreram após uma tempestade de oito horas, considerada pela Agência Estatal de Meteorologia espanhola (Aemet) a mais severa deste século na região. Os danos são comparáveis aos de um furacão ou tsunami, com ruas devastadas, centenas de carros empilhados e bairros inteiros submersos. Para muitos especialistas, essa tragédia representa a pior catástrofe ambiental da história recente da Espanha.

A situação na área metropolitana de Valência é de calamidade, com centenas de moradores sem acesso a alimentos, energia elétrica e água potável. Lojas foram saqueadas, e a ajuda chega por meio de doações, com voluntários de diversas partes do país deslocando-se para auxiliar as famílias afetadas. Moradores relatam a sensação de “terra arrasada”, em meio a esforços para limpar as ruas e resgatar sobreviventes e vítimas ainda soterradas.

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Para conter a crise, o governo espanhol enviou tropas do Exército para Valência, que se unirão às equipes de resgate e realizarão a limpeza das ruas e distribuição de mantimentos. A mobilização militar visa atender especialmente os moradores do sul da cidade, a área mais devastada pela enchente. Milhares de voluntários também chegaram a Valência, trazendo alimentos e materiais de limpeza, e foram orientados a colaborar no restabelecimento de infraestrutura básica.

As autoridades locais enfrentam críticas de moradores pela lentidão nos alertas sobre a tempestade. A Defesa Civil pediu que voluntários parem de se deslocar à área, para não interferir nas operações de resgate, que ainda estão em andamento. As equipes concentram os esforços principalmente nos bairros do sul e em cidades vizinhas, como Paiporta e Torrent, locais onde há maior probabilidade de encontrar pessoas desaparecidas, muitas possivelmente presas dentro de carros submersos.

Qual seria a causa dessas enchentes na Espanha

A tempestade foi causada por um fenômeno meteorológico conhecido como Depressão Isolada em Altos Níveis (DANA, na sigla em espanhol), que afetou intensamente o sul e o leste da Espanha. Esse sistema trouxe ventos violentos e chuvas torrenciais, acompanhadas até mesmo por tornados em algumas regiões. As condições extremas surpreenderam a população e levaram ao colapso de várias estradas e áreas residenciais em Valência.

Além de ser um desastre humanitário, essa tragédia representa o maior número de mortos em uma única enchente na Europa desde 1970, quando 209 pessoas morreram em enchentes na Romênia. Na Espanha, a destruição causada pela DANA já é classificada como o pior desastre natural relacionado a enchentes da história moderna, com impactos que devem durar meses e demandar grandes esforços de reconstrução.