Tensão entre Lula e Maduro racha esquerda latino-americana
Lula e Maduro têm se distanciado cada vez mais, com escalada da crise entre os dois governos
A relação diplomática entre Brasil e Venezuela enfrenta nova tensão. E, ao que tudo indica, não se pode mais falar em um alinhamento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Nicolas Maduro. Em mais uma crítica ao Brasil, o governo venezuelano acusou o país de promover uma “agressão descarada e grosseira” contra Maduro.
No sábado (2), o chanceler venezuelano, Yván Gil Pinto, publicou uma nota nas redes sociais, acusando o Itamaraty de violar princípios da ONU e interferir na “soberania nacional e autodeterminação” da Venezuela. Até a última atualização, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não havia se pronunciado sobre o assunto.
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Nesta semana, a crise diplomática se intensificou quando a Venezuela convocou seu embaixador no Brasil e acusou o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, de agir como “um mensageiro do imperialismo norte-americano”.
O comunicado oficial da Venezuela criticou a “ingerência” brasileira em questões internas e exigiu que o Itamaraty “desista de se imiscuir” em assuntos exclusivos aos venezuelanos. O governo Maduro também alertou que o Brasil deve adotar uma “conduta profissional e diplomática respeitosa”, sob o risco de deteriorar ainda mais as relações bilaterais.
Lula x Maduro
O ponto de tensão entre os dois países cresceu em julho, quando o Brasil não reconheceu a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas. Além disso, o governo brasileiro se posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics, grupo formado por países emergentes.
Em resposta, a Venezuela divulgou um comunicado, comparando as políticas do governo Lula às de Bolsonaro e acusando o Itamaraty de reproduzir “ódio, exclusão e intolerância” associados aos centros de poder ocidentais.
Outro elemento que acentuou o conflito foi uma imagem compartilhada pela polícia venezuelana com a frase “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”, sobreposta a uma bandeira do Brasil e a uma figura que sugere ser o presidente Lula. O governo brasileiro classificou o teor das declarações de Maduro como ofensivo e reafirmou seu respeito à soberania de cada país, destacando que espera uma condução respeitosa e construtiva nos diálogos diplomáticos.