O que a baixa renovação diz sobre a disputa pela presidência da Câmara
Fontes consultadas pela reportagem não titubeiam em afirmar que cenário é completamente favorável à recondução de Policarpo
Há menos de um mês, os goianienses foram às urnas para escolha de novos representantes para a Câmara Municipal de Goiânia. E assim fizeram. No entanto, a contagem dos votos confirmou, por volta das 19h do dia 6 de outubro, a manutenção de boa parte dos vereadores que lá estiveram nos últimos quatro anos.
Conforme mostrado pela reportagem no dia do pleito, a partir de 2025, a Casa contará com 37 vereadores, um aumento de dois parlamentares em relação ao número atual. Mesmo com as novas cadeiras a renovação ficou abaixo do esperado por diversas lideranças e players influentes da cena goianiense.
Dessa vez, 60% dos vereadores foram mantidos para os próximos quatro anos. O número representa um contraste em relação ao que se observou em 2020, quando 60% do Parlamento foi renovado.
Com o passar dos dias pós-eleição, o assunto foi automaticamente voltado ao quesito presidência e hoje não se fala em outra coisa nos bastidores do Legislativo goianiense.
Figuras consultadas pela reportagem estabelecem um paralelo ao comentarem a disputa. A reflexão passa, justamente, pela baixa renovação atrelada à possibilidade de reeleição do atual presidente, Romário Policarpo (PRD).
Na visão de uma das fontes do alto escalão da Câmara, a questão pode ser traduzida da seguinte forma: a tendência natural, diante do resultado das urnas, é que o Parlamento tenha pelos próximos anos os mesmos grupos, as mesmas lideranças e, consequentemente, os mesmos mandatários.
O pensamento vai ao encontro daquilo que já foi mostrado pelo O HOJE. A expectativa nos bastidores da política local é de que o atual presidente seja reconduzido ao cargo sem dificuldades.
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Não bastasse o grupo sólido construído pelo gestor ao longo dos últimos anos, Policarpo ainda viu o empresário e candidato da base governista em Goiânia terminar eleito como novo prefeito da capital, o que inegavelmente somou forças ao seu projeto.
Acontece que para garantir uma governabilidade tranquila, Mabel tende a trabalhar por um estreitamento dos laços com o Legislativo. A falta de uma parceria sólida é apontada, inclusive, como uma das principais falhas cometidas pela gestão do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade), que protagonizou incontáveis quedas de braço com a Câmara Municipal ao longo de seus quatro anos de gestão.
O resultado disso veio na campanha de 2024, onde o gestor buscou, sem sucesso, a reeleição sem o apoio do Parlamento.
Alinhado às pautas governistas e sobretudo às lideranças que circundam o governador Ronaldo Caiado, Romário, que, como dito, já conta com uma base sólida de apoio, deve conseguir viabilizar nos próximos meses.
Com a vitória da base governista, a interpretação é de que o núcleo duro do Governo tende a entrar em ação para garantir uma “governabilidade tranquila” ao novo prefeito. Isso passa, claro, pela eleição de um nome minimamente alinhado.
Um ponto de consenso é que já há um grupo ‘favorito’, visto como ‘dominante’, e esse coletivo é encabeçado justamente pelo atual presidente da Casa. Policarpo tem direito à reeleição e vai trabalhar para se manter no posto. Há quem arrisque, inclusive, que já foi batido o martelo acerca de seu nome para o próximo biênio. (Especial para O Hoje)