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quinta-feira, 7 de novembro de 2024
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Estudo prevê crescimento do lixo eletrônico gerado pela IA até 2030

A quantidade de e-lixo pode atingir de 1,2 a 5 milhões de toneladas por ano

Postado em 7 de novembro de 2024 por Yasmin Farias
Estudo prevê crescimento do lixo eletrônico gerado pela IA até 2030
Foto: Reprodução

O aumento acelerado da popularidade da inteligência artificial (IA) generativa deve provocar um salto significativo na geração de lixo eletrônico, com a previsão de que esse resíduo cresça até mil vezes até 2030. A estimativa foi divulgada em um estudo publicado na Nature Computational Science. Os cientistas calculam que a quantidade de e-lixo gerado pelos servidores de IA poderá atingir de 1,2 a 5 milhões de toneladas métricas por ano até 2030, um volume até mil vezes maior do que o total produzido em 2023.

A magnitude do problema é impressionante. Os cientistas que realizaram o estudo alertam que a crescente demanda por IA generativa, especialmente os modelos de linguagem de grande porte, pode gerar volumes de e-lixo de proporções nunca antes vistas. “Se não forem tomadas medidas eficazes para controlar e reduzir essa produção de resíduos, o e-lixo da IA pode ultrapassar os 2,5 milhões de toneladas anuais até 2030”, afirmou Asaf Tzachor, especialista em desenvolvimento sustentável da Universidade Reichman (Israel) e coautor do estudo.

Tzachor destaca que o aumento da produção de e-lixo não é apenas uma consequência do crescimento da tecnologia, mas também do ciclo acelerado de obsolescência do hardware necessário para sustentar os avanços na IA. A constante necessidade de atualizações tecnológicas gera uma quantidade imensa de equipamentos eletrônicos descartados, criando um fardo ambiental significativo.

E-lixo: o que é e por que é preocupante?

E-lixo, ou lixo eletrônico, refere-se a qualquer dispositivo eletrônico descartado, obsoleto ou quebrado. Isso inclui desde aparelhos comuns, como computadores, celulares e televisores, até sistemas mais complexos, como servidores e computadores de alto desempenho utilizados para treinamento de IA. Embora o e-lixo represente cerca de 70% dos resíduos tóxicos gerados anualmente no mundo, apenas uma pequena fração – cerca de 12,5% – é reciclada de maneira adequada.

Os impactos negativos do e-lixo são profundos, uma vez que esses resíduos podem liberar substâncias perigosas como chumbo, mercúrio e cádmio, contaminando solos e corpos d’água e, consequentemente, afetando a saúde humana e os ecossistemas. Esse problema tem se agravado à medida que a demanda por dispositivos eletrônicos cresce e, agora, a IA está se somando como uma das principais fontes desse lixo.

A relação da IA no aumento do e-lixo

A IA generativa, especialmente os grandes modelos de linguagem (LLMs), exige enormes quantidades de poder computacional para funcionar. Esses sistemas demandam servidores de alta performance, que são constantemente atualizados para acompanhar os avanços tecnológicos e a melhoria dos algoritmos de IA. Como resultado, muitos equipamentos, uma vez considerados de última geração, rapidamente se tornam ultrapassados e são descartados, contribuindo ainda mais para o aumento do lixo eletrônico.

Além disso, a rápida evolução da infraestrutura necessária para suportar IA generativa torna o gerenciamento de e-lixo um desafio complexo. “A IA generativa depende de um ciclo de atualizações rápidas de hardware, o que complica a reciclagem e o reaproveitamento dos dispositivos à medida que são substituídos ou descontinuados”, explicou Tzachor.

Para quantificar o impacto que a IA terá sobre o e-lixo, os pesquisadores criaram um modelo que projeta um crescimento significativo no volume de resíduos até 2030, de até 5 milhões de toneladas métricas por ano. Esse número pode ser ainda maior, já que o mercado de IA está em constante evolução.

Apesar das incertezas sobre o ritmo de evolução da IA, o estudo aponta para a necessidade urgente de medidas que abordem o impacto ambiental dessa tecnologia. A previsão de um aumento expressivo do lixo eletrônico destaca a magnitude do desafio que se avizinha.

Estratégias para reduzir o impacto do e-lixo

A questão do e-lixo não é local, mas global, e os pesquisadores enfatizam a importância de uma abordagem internacional para lidar com o problema. Saurabh Gupta, fundador da Earth5R, uma organização de sustentabilidade baseada na Índia, observa que a crise do e-lixo exige uma gestão eficiente e colaborativa em nível global, especialmente considerando a exportação de resíduos de países desenvolvidos para regiões com menos infraestrutura de reciclagem.

“Devemos trabalhar para implementar políticas públicas que incentivem a reciclagem, a reutilização e a economia circular em todas as regiões, minimizando os danos ambientais e à saúde causados pelo descarte inadequado desses resíduos”, afirmou Gupta.

Os cientistas sugerem que a implementação de práticas de economia circular pode ser uma solução eficaz para reduzir a quantidade de e-lixo gerado. A economia circular envolve prolongar a vida útil dos dispositivos eletrônicos, promover a reutilização de componentes e melhorar os processos de reciclagem para garantir que mais materiais sejam reaproveitados.

Gupta concorda com essa abordagem e destaca que sua organização já está adotando estratégias locais de coleta e reciclagem de e-lixo em parceria com empresas, mostrando que a economia circular pode ser eficaz na redução do impacto ambiental. “Já estamos implementando ações que ajudam empresas e consumidores a gerenciar seus dispositivos de maneira mais sustentável”, afirmou.

“Se tomarmos as medidas adequadas agora, podemos reduzir significativamente o impacto ambiental da IA e garantir um futuro mais sustentável. É crucial que governos, empresas e organizações internacionais trabalhem juntos para enfrentar esse desafio de forma coordenada e eficaz”, concluiu Tzachor.

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