Padre de Osasco presta depoimento à PF e nega envolvimento com golpe
José Eduardo de Oliveira e Silva é alvo de inquérito por conversas com investigados pelo 8 de janeiro
José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da Diocese de Osasco, se apresentou à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (7) para prestar depoimento no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Durante a oitiva, o religioso negou qualquer envolvimento nos ataques e afirmou que suas conversas com pessoas investigadas tinham como único propósito oferecer “apoio espiritual”.
O interrogatório do padre José Eduardo ocorreu na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, onde ele foi questionado sobre sua suposta participação em um esquema de assessoria jurídica relacionado à tentativa de golpe que visava manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, após sua derrota nas eleições de 2022. O inquérito aponta que o padre seria parte de um grupo conhecido como o “núcleo jurídico”, responsável pela elaboração de teses jurídicas que poderiam justificar a continuidade de Bolsonaro no cargo.
Após o depoimento, a defesa de José Eduardo de Oliveira e Silva reiterou em nota que o padre nunca participou de qualquer reunião nem colaborou na redação de documentos que visassem desestabilizar a democracia ou promover uma ruptura institucional no Brasil. “O padre não tem qualquer conhecimento jurídico que o capacite a entender ou organizar uma ‘minuta de golpe'”, disse a defesa.
Alegações de injustiça
Miguel da Costa Carvalho Vidigal, advogado do padre, expressou surpresa e preocupação com o fato de que a defesa não teve acesso a uma cópia do depoimento, o que considerou uma medida injusta. A situação gerou um desconforto adicional, pois o investigado não teve a oportunidade de revisar ou contestar o conteúdo de sua própria oitiva.
Este interrogatório não foi o primeiro de José Eduardo de Oliveira e Silva. Em fevereiro de 2024, o padre já havia sido intimado a prestar depoimento, mas optou por permanecer em silêncio, alegando não ter acesso integral aos autos do inquérito. Neste novo depoimento, ele manteve o direito de não responder às perguntas, caso assim desejasse.
Repercussões do caso
Em janeiro, o padre José Eduardo foi alvo de uma operação de busca e apreensão, com a autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A investigação sugere que ele estaria vinculado ao “núcleo jurídico” responsável por formular teses que sustentariam a continuidade do ex-presidente Bolsonaro no cargo após sua derrota eleitoral.
Apesar das acusações, a defesa do religioso segue firme em sua argumentação de que ele jamais teve qualquer envolvimento em tentativas de golpe ou em ações que ameaçassem o Estado de Direito no Brasil. Em uma nota divulgada nas redes sociais, a defesa pediu orações para o padre e reafirmou que ele tem agido com a intenção de “prestar apoio espiritual” a pessoas envolvidas no processo, sem qualquer outro propósito.
O caso segue em investigação, e novas informações podem surgir nos próximos dias. A Polícia Federal continua apurando os desdobramentos relacionados à tentativa de golpe de 8 de janeiro e os possíveis envolvidos em uma trama que abalou a democracia no Brasil.