Cerca de 80% das mulheres com câncer de ovário morrem em até cinco anos
No Brasil, cerca de 70% a 80% das mulheres diagnosticadas com câncer de ovário morrem em até cinco anos devido à doença
O câncer, em sua essência, é uma doença genética, resultante de mudanças no DNA ao longo da vida, que provocam mutações no código genético e favorecem o desenvolvimento do tumor em mulheres. No entanto, em cerca de 5% a 10% dos casos, essas alterações são herdadas desde o nascimento. Esse fator hereditário é relevante para a maioria dos cânceres que afetam diversos órgãos humanos, com exceção do câncer de ovário, cuja hereditariedade está presente em cerca de 25% dos casos, ou seja, uma em cada quatro mulheres diagnosticadas com esse tipo de câncer.
Dada a ausência de exames de rastreamento específicos para o câncer de ovário, como a colonoscopia para o câncer colorretal ou a mamografia para o câncer de mama, a análise do histórico familiar torna-se uma ferramenta importante para identificar mulheres em risco e, assim, diminuir as taxas de diagnóstico tardio e a mortalidade associada ao câncer ovariano. Com o tempo, o acúmulo de mutações em células pode fazer com que elas se dividam descontroladamente e se transformem em câncer, o que explica o aumento da incidência dessa doença em idades mais avançadas.
Sinais de alerta para a síndrome de câncer de mama e ovário hereditário
- Diagnóstico de câncer de mama em mulheres com 45 anos ou menos, ou qualquer idade para câncer de ovário.
- Diagnóstico de câncer de mama antes dos 50 anos, com histórico familiar de outros tipos de câncer, como próstata e pâncreas.
- Presença de câncer de mama e/ou ovário em várias gerações da mesma família.
- Diagnóstico de um segundo câncer de mama, ou câncer de mama e ovário simultaneamente.
- Diagnóstico de câncer de mama em parentes do sexo masculino.
- Histórico familiar de câncer de mama, ovário, próstata e/ou pâncreas.
- Ascendência judaica Ashkenazi.
Esses sinais devem ser avaliados por um serviço especializado em Oncogenética, com a possibilidade de realizar um teste genético para identificar mutações em genes como o BRCA1. Se for confirmada uma síndrome hereditária, o tratamento pode incluir uma cirurgia profilática, como a remoção preventiva dos ovários e das trompas de falópio.
Globalmente, o câncer de ovário ocupa a oitava posição entre os mais comuns entre mulheres e é o terceiro mais frequente entre os tumores ginecológicos, com cerca de 324 mil novos casos anuais. No Brasil, estima-se que, entre 2023 e 2025, 7.310 novos casos sejam diagnosticados por ano, o que equivale a 6,62 casos para cada 100 mil mulheres, segundo o INCA. Em termos de mortalidade, o país registrou 3.920 óbitos por câncer de ovário em 2020.
Dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) indicam que, no Brasil, cerca de 70% a 80% das mulheres diagnosticadas com câncer de ovário morrem em até cinco anos devido à doença, um reflexo do diagnóstico tardio. Aproximadamente 80% dos casos são identificados em estágios avançados.
Sintomas
Entre os sintomas de alerta, que podem ser facilmente confundidos com outras condições, incluem-se:
- Inchaço frequente;
- Dor abdominal e pélvica;
- Cólicas;
- Pressão pélvica;
- Falta de apetite;
- Aumento da frequência urinária;
- Náusea;
- Dor nas costas;
- Dor durante a relação sexual;
- Alterações no ciclo menstrual, como sangramento após a menopausa.
Embora esses sintomas possam ser indicativos de outras doenças, é essencial procurar um ginecologista para avaliação. O tratamento depende do estágio da doença, se está restrito aos ovários ou se se espalhou para outras partes do corpo. A combinação de cirurgia e quimioterapia continua sendo o principal tratamento, podendo ser eficaz mesmo em estágios avançados.
Recentemente, novas terapias, como os medicamentos-alvo e inibidores de PARP, especialmente para pacientes com mutações no gene BRCA, têm mostrado bons resultados, principalmente na manutenção após a quimioterapia. Em casos de câncer de ovário limitado e com bom prognóstico, a cirurgia preservadora do útero e do outro ovário pode ser suficiente.
Nos casos mais avançados, a histerectomia, remoção do útero e outros tumores espalhados, é uma das abordagens comuns. Com a remoção do útero, a mulher não poderá mais engravidar.
Exames necessários
Em relação aos exames, embora não haja um teste específico para diagnosticar o câncer de ovário em estágios iniciais, exames de rotina e consultas regulares ao ginecologista podem ajudar na detecção precoce. Entre os exames recomendados estão:
- Ultrassom transvaginal ou abdominal, para verificar anomalias;
- Tomografia computadorizada, para imagens detalhadas dos ovários;
- Laparoscopia, que permite a visualização direta de possíveis tumores;
- Exames de sangue, que podem revelar alterações nas proteínas associadas ao câncer de ovário.
A detecção precoce e o tratamento imediato são cruciais. Portanto, é fundamental realizar exames periódicos e estar atenta aos sinais e sintomas, especialmente se houver fatores de risco.