Especialistas divergem sobre possibilidade do Governo Lula cumprir meta fiscal
Barômetro do Poder, realizado pelo InfoMoney, sugere uma incerteza por parte dos técnicos acerca da probabilidade de o governo cumprir a meta de resultado primário estabelecida para este ano
Por Felipe Cardoso e Wilson Silvestre
Conforme mostrado pela reportagem do O HOJE na última segunda-feira, 18, no meio político e econômico, o Barômetro do Poder, estudo realizado pela InfoMoney, representa um dos principais e mais confiáveis instrumentos capazes de aferir o cenário do País no momento pesquisado. Por meio dele, representantes das mais respeitadas casas de análise de risco político e analistas independentes expressam suas opiniões acerca do andamento de importantes pautas sociais, políticas e econômicas.
Em sua última edição, pesquisada entre os dias 4 e 8 de novembro deste ano, o estudo reuniu 17 respondentes. A eles foram aplicados questionários online por meio de plataforma digital. Os estudos foram divididos em três eixos: Governabilidade, Reformas e Conjuntura. As peculiaridades de cada um desses eixos serão tratadas de maneira separada, conforme mostrado nas edições da última segunda, nesta terça e na próxima quarta-feira, 19, do O HOJE.
Dentro de cada um desses eixos constam questionamentos sobre assuntos de interesse público e fiscal. A reportagem selecionou os principais temas de cada categoria para mostrar o que pensam os principais analistas do Brasil sobre cada um dos pontos. Dessa vez, o foco serão as Reformas.
Meta fiscal
O estudo do InfoMoney questionou os especialistas sobre a probabilidade de o governo cumprir a meta de resultado primário até o final do ano. Para 29% dos entrevistados a chance é Muito alta. Outros 29% disseram que é Baixa a probabilidade. 18% votaram por Regular e outros 1% por Alta. 6% escolheram a opção Muito Baixa.
Esse cenário é completamente antagônico ao que foi registrado há um ano atrás. Em novembro de 2023, os especialistas responderam da seguinte forma a mesma pergunta: Muito baixa (50%), Baixa (36%), Regular (14%), Alta (0%) e Muito alta (0%).
Arcabouço
No que diz respeito ao arcabouço fiscal, 47% dos consultados consideram Baixa a probabilidade de o novo marco fiscal ser modificado pelo Governo. Outros 29% responderam que é Alta essa possibilidade. O número é seguido por 24% das respostas, que consideram essa uma perspectiva Regular. Ninguém acredita que a probabilidade é Muito baixa ou Muito alta.
De novo, a situação destoa da identificada no início desse ano. Em janeiro o estudo revelou que 64% consideravam Alta a possibilidade de mudanças. Outros 27% responderam Regular quando consultados. O número foi seguido por 9% de respostas na opção Muito alta. Ninguém considerava a possibilidade Baixa ou Muito Baixa.
Cortes
Um outro dado interessante diz respeito ao corte de despesas. A pergunta foi a seguinte: “O governo prepara um conjunto de medidas para conter a evolução de despesas obrigatórias e manter a execução orçamentária dentro das regras fiscais vigentes. Na sua avaliação, quais as chances de avanço de cada uma das medidas a seguir na atual legislatura?”.
A primeira das medidas apresentadas foi a revisão de ineficiências em cadastros e redesenho de benefícios e programas sociais. 63% dos consultados escolheram a opção Alto. O número é seguido por 13% das respostas para Baixo. Depois aparecem 19% das respostas na opção Muito Alto. 6% escolheram Moderado. Ninguém respondeu Muito baixo.
Depois, o questionamento foi sobre a desvinculação de BPC, seguro-desemprego e pensões sobre a nova política de valorização do salário mínimo. A maior fatia das respostas (75%) foi na opção Baixo. 13% dos consultados consideraram Muito baixo. 6% responderam Moderado e outros 6% Muito alto. Ninguém considerou a opção Alto.
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Quanto ao limite para a evolução de despesas obrigatórias, a maior parte das respostas foi na opção Alto (44%). A alternativa foi seguida pela opção Moderado, que registrou 31% das respostas. Depois, aparecem aqueles que consideram Baixo (13%). O indicador é seguido por duas alternativas que registraram, cada uma, 6% das respostas: Muito baixo e Muito Alto.
Quanto o assunto foi combate aos “supersalários”, 44% dos entrevistados consideraram essa uma possibilidade Alta. 25% avaliaram como Moderada. O número é seguido pela fatia de 19% dos entrevistados que responderam Muito baixo para esse questionamento. Depois, aparecem Baixo e Muito Alto, com 6% das respostas cada um.
Reforma tributária
Os consultados também receberam o seguinte questionamento: “O plenário da Câmara dos Deputados já aprovou os dois projetos de lei complementares de regulamentação da reforma tributária dos impostos sobre o consumo. Na sua avaliação, qual a probabilidade de a discussão ser concluída pelo Congresso Nacional ainda em 2024?”.
A maior parte dos consultados escolheu a opção Alta (41%). Na sequência, consta a opção Baixa, com 24%. Depois, Regular (18%). Outros 12% escolheram a opção 12% e a menor fatia (6%) optou pela alternativa Muito baixa.
Ao HOJE
Ao conversar com a reportagem sobre o assunto, o cientista político e escritor brasileiro Antonio Lavareda considerou que o estudo oferece um cenário relevante do ponto de vista das projeções para os próximos meses. “São diversas pautas de interesse público e, ao mesmo tempo, sobre o comportamento dos poderes, uns em relação aos outros, bem como suas respectivas agendas”.
“Esse talvez seja o instrumento mais valioso que as corporações, entidades e partidos dispõem para avaliar a perspectiva de desenvolvimento do processo político a partir da opinião de quem realmente entende das matérias”, pontuou.