Inelegível, Bolsonaro ainda poderia ser candidato por até três semanas em 2026
Cenário seria o mesmo do presidente Lula em 2018 quando seu vice, Fernando Haddad, assumiu sua candidatura
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível, pode, tecnicamente, ser candidato à Presidência em 2026 por um curto período, até que sua candidatura seja analisada e barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essa possibilidade foi esclarecida pelo ex-ministro do TSE Henrique Neves, que detalhou o processo de registro de candidaturas.
Segundo Neves, o rito do TSE não permite uma decisão monocrática imediata sobre o registro de um candidato. “O pedido de registro precisa ser analisado pelo plenário do Tribunal, que é responsável pela decisão final. Isso leva um tempo, mesmo quando há contestação”, explicou o ex-ministro.
Três semanas de campanha
Enquanto o processo de impugnação de uma candidatura não é concluído, o candidato pode realizar atividades normalmente, incluindo participação na propaganda eleitoral, uso de recursos do Fundo Partidário e realização de eventos de campanha. Estima-se que esse trâmite leve cerca de três semanas para ser julgado pelo plenário do TSE.
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Um exemplo recente desse mecanismo ocorreu em 2018, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve sua candidatura mesmo estando preso. Após sua inelegibilidade ser confirmada, o PT substituiu Lula por Fernando Haddad como cabeça de chapa.
Bolsonaristas apostam na brecha
A possibilidade de Jair Bolsonaro iniciar uma candidatura mesmo estando inelegível tem alimentado discussões entre seus aliados. Líderes bolsonaristas defendem que ele concorra em 2026, ainda que por um período limitado. Caso sua candidatura seja rejeitada pelo TSE, o partido poderia indicar outro nome para disputar a Presidência.
Essa estratégia seria semelhante à adotada pelo PT em 2018, o que mantém o ex-presidente como figura central no jogo político, mesmo enfrentando restrições legais. Para muitos, a manobra pode servir para consolidar o eleitorado de Bolsonaro em torno de um eventual substituto, reforçando a força política do bolsonarismo nas eleições de 2026.