MDB recua e abre espaço para reeleição de Policarpo na Câmara de Goiânia
Decisão foi unânime entre os membros do partido e segue a orientação do prefeito eleito Sandro Mabel (UB)
O futuro da presidência da Câmara Municipal de Goiânia, tema que tomou conta dos bastidores políticos desde o primeiro turno, parece ter chegado ao fim. Nesta sexta-feira (22), o vereador Henrique Alves (MDB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), confirmou que o MDB não lançará candidato para disputar o comando do Legislativo goianiense no próximo biênio.
A decisão, de acordo com Alves, foi unânime entre os membros do partido e segue a orientação do prefeito eleito Sandro Mabel (UB). Nos bastidores, Mabel tem demonstrado apoio ao atual presidente da Casa, o vereador Romário Policarpo (PRD), que busca a reeleição.
O MDB, que saiu das eleições municipais com a maior bancada da Câmara — elegendo oito vereadores —, cogitou lançar um candidato próprio, argumentando que o desempenho nas urnas justificaria um papel de protagonismo.
Leia mais: Bolsonaro enfrenta três indiciamentos; veja quais são e o andamento delas
No entanto, após reuniões internas e diálogo, inclusive, com o vice-governador Daniel Vilela (MDB), o partido optou por não entrar na disputa e buscar espaço, apenas, na mesa diretora – pelo menos por enquanto.
MDB na Mesa Diretora
Com a decisão de não concorrer à presidência, o MDB deve assegurar cargos importantes na próxima legislatura (2025-2028), que se inicia em janeiro. Segundo informações de bastidores, o partido deve ocupar a 1ª vice-presidência e a 1ª secretaria, além de manter a presidência da CCJ. A estratégia visa articular um protagonismo maior no segundo biênio (2027-2028), quando o partido pode buscar o comando da Casa.
Caminho livre para Policarpo
Agora, quem pode celebrar é Romário Policarpo, que já conta com o apoio da maioria dos vereadores e desponta como favorito à reeleição. Bem articulado no cenário político de Goiânia, Policarpo deve se tornar o primeiro presidente da Câmara Municipal a ocupar o cargo por quatro mandatos consecutivos — um feito inédito na história do Legislativo goianiense.
A continuidade no cargo é permitida graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2022, que estabeleceu como marco temporal o dia 7 de janeiro de 2021 para contagem dos mandatos das Mesas Diretoras. Com isso, a eleição de Policarpo para o segundo biênio da 19ª Legislatura, em setembro de 2021, é considerada seu primeiro mandato. Assim, ele ainda pode disputar a reeleição.
Apesar da base jurídica que sustenta sua candidatura, a possibilidade de reeleição gerou questionamentos. No ano passado, uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) foi movida pelo partido Democracia Cristã (DC), mas o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a validade do terceiro mandato. Situação semelhante ocorreu em 2021, quando o extinto Partido Republicano da Ordem Social (Pros) tentou barrar a reeleição de Policarpo, também sem sucesso.
O vereador, no entanto, tem usado sua habilidade política para consolidar apoios e evitar novos embates jurídicos. A expectativa é que sua recondução ao cargo ocorra sem maiores dificuldades. Nos bastidores, é dado como certa sua reeleição.
Assim, Policarpo não apenas amplia sua liderança, mas reforça sua influência para, quem sabe, disputar cargos mais altos na política do Estado.