Após desavenças, Israel busca restaurar relações com o Brasil
Lula comparou Israel ao nazismo
O governo de Israel iniciou articulações para restaurar as relações diplomáticas com o Brasil, que estão abaladas desde o início do ano. A crise começou após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar as ações israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto, o que gerou fortes reações em Tel Aviv.
Em um esforço para retomar a cooperação bilateral, o governo de Benjamin Netanyahu designou o vice-diretor geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel e chefe da divisão da América Latina e Caribe, embaixador Mattanya Cohen, para conduzir negociações políticas. A estratégia inclui a ampliação do diálogo com autoridades brasileiras.
Na quarta-feira (27), Cohen e o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, participaram de uma reunião na Câmara dos Deputados. Eles se encontraram com o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Lucas Redecker (PSDB), e a vice-presidente do Grupo de Amizade Brasil-Israel, Greyce Elias (Avante). Durante o encontro, Cohen destacou a importância de reestabelecer laços de amizade entre os dois países.
“Eu espero que Israel e Brasil possam voltar a ser amigos e trabalhar juntos. O Brasil é o nosso principal parceiro comercial na América Latina. O Brasil é um país muito amado e admirado por diversos israelenses”, afirmou o vice-diretor geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel. Ele mencionou que o recente cessar-fogo entre Israel e Hezbollah abre uma oportunidade para que o governo brasileiro retome a presença diplomática de alto nível em Tel Aviv.
Desavenças entre Israel e Brasil
A relação entre os dois países deteriorou-se em fevereiro, quando Lula fez a comparação entre as ações israelenses e o Holocausto. Em resposta, o governo Netanyahu classificou o líder brasileiro como “persona non grata”. Além disso, convocou o então embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, para que se desculpasse no Museu do Holocausto. O governo brasileiro interpretou o gesto como uma afronta, o que resultou na retirada definitiva de Meyer do posto em maio.
Desde então, a Embaixada do Brasil em Israel é liderada por um encarregado de negócios. Na diplomacia, isso é entendido como um sinal de diminuição da importância da relação entre os dois países.