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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
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Sáude

Número de novos casos de HIV em Goiânia registra queda de 10%

Cerca de 85% dos casos registrados na capital são de homens, e a faixa etária mais atingida está entre 20 e 29 anos

Postado em 1 de dezembro de 2024 por Renata Ferraz
HIV
Foto: Freepik

O cenário epidemiológico de Goiânia apresenta um dados significativos, isso porque nos primeiros nove meses de 2024, os novos casos de infecção pelo HIV registraram uma queda de 10,52% em comparação ao mesmo período de 2023. De acordo com a Gerência de Doenças e Agravos Transmissíveis (IST e Aids), 485 casos foram diagnosticados entre janeiro e setembro de 2024, enquanto, em 2023, o número foi de 542. Essa redução é atribuída a avanços nas políticas públicas de saúde e estratégias de prevenção mais eficazes, como o aumento do uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).

“Essa diminuição reflete diretamente o impacto positivo das estratégias preventivas adotadas. O número de novos usuários da PrEP cresceu 20,89% em 2024, e isso, aliado ao início imediato de tratamentos antirretrovirais após o diagnóstico, tem retardado significativamente a progressão da doença para Aids”, explica Valéria Borba, técnica de Vigilância Epidemiológica das ISTs.

Apesar da queda nos números de novos casos, a prevenção continua sendo um desafio crucial. Até agosto de 2024, foram registrados 46 óbitos decorrentes do HIV/Aids em Goiânia. A cidade ainda abriga cerca de seis mil pessoas vivendo com o vírus, 85% delas do sexo masculino.

O infectologista Marcelo Daher ressalta que a testagem frequente é fundamental para reduzir as transmissões. “O HIV pode permanecer assintomático por um longo período, em média de cinco a sete anos, dificultando o diagnóstico precoce. Esse intervalo é um período crítico, pois, mesmo sem sintomas, a pessoa pode transmitir o vírus. Recomendamos que a testagem ocorra regularmente, especialmente após exposições de risco. Após 20 dias do contato, a infecção já pode ser detectada nos exames laboratoriais”, explica.

Ele também reforça a importância de métodos preventivos múltiplos. “Hoje trabalhamos com uma mandala de proteção que inclui preservativos, PrEP, PEP e o tratamento adequado para pacientes HIV positivos, tornando-os indetectáveis. Cada método complementa o outro Ele também reforça que o uso de preservativos  tanto masculinos quanto femininos continua sendo um dos métodos mais eficazes de prevenção contra a transmissão” enfatiza o especialista.

Em âmbito estadual, o HIV ainda representa um desafio à saúde pública. Entre janeiro de 2020 e agosto de 2024, Goiás registrou 7.896 casos de infecção em pessoas acima de 13 anos. A maior concentração ocorreu na região Central, com 37,03% dos casos, seguida pela região Centro-Sul, com 18,59%. Comparando a série histórica de 2010 a 2024, percebe-se um aumento gradativo das notificações.

A faixa etária mais atingida no estado é de 20 a 29 anos, mas também houve crescimento no número de casos em pessoas de 30 a 39 anos e acima de 60 anos. Esses dados refletem uma tendência observada nacionalmente, onde o maior número de casos de Aids está concentrado em pessoas de 25 a 39 anos, predominantemente do sexo masculino.

No que diz respeito à mortalidade, Goiás contabilizou 1.344 óbitos relacionados ao HIV/Aids entre 2020 e 2024. O coeficiente de mortalidade passou de 3,7 por 100 mil habitantes em 2020 para 4,2 em 2023. Apesar disso, em 2024, os dados preliminares indicam um coeficiente menor, de 2,0 por 100 mil habitantes, apontando para uma possível desaceleração na mortalidade.

O boletim epidemiológico de Goiás evidencia tanto avanços quanto desafios no combate ao HIV. Enquanto a redução de novos casos em Goiânia e a ampliação do acesso a ferramentas como a PrEP e a PEP são conquistas significativas, o estado ainda apresenta uma taxa de detecção de novos casos superior à média nacional. Em 2023, essa taxa era de 29,2 por 100 mil habitantes, enquanto a média brasileira foi de 17,1 para 100 mil habitantes. Esses números reforçam a necessidade de intensificar as ações de prevenção, diagnóstico e tratamento, especialmente em populações mais vulneráveis.

“Apesar de termos avançado na detecção e no tratamento, o combate ao HIV ainda exige atenção redobrada. É fundamental fortalecer as campanhas de conscientização e o acesso aos serviços de saúde, garantindo que todas as pessoas, independentemente de sua condição social, tenham acesso à prevenção e ao tratamento adequado”, afirma Marília de Castro, diretora de Vigilância Epidemiológica.

Dezembro vermelho: conscientização e prevenção

Para reforçar as ações de conscientização, prevenção e combate ao HIV, Goiânia participa do Dezembro Vermelho, uma campanha global que tem início em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. 

Neste ano, duas iniciativas se destacam na capital o primeiro será um Passeio Ciclístico e Caminhada intitulada “Um por Todos e Todos Contra a AIDS“, este evento é promovido pelo CEAP-SOL e HDT, ocorrerá no dia 1º de dezembro, de acordo com os organizadores esse evento é promovido para toda a comunidade está convidada a participar, e os 100 primeiros inscritos receberão camisetas exclusivas, a ideia é unir a comunidade para conscientizar sobre a importância do tratamento e da prevenção. “Queremos mostrar que é possível viver uma vida longa, saudável e plena com acompanhamento adequado. Precisamos desmistificar o estigma e trazer mais pessoas para essa luta.”

Dando continuidade a esse mês de conscientização, no dia 3 de dezembro, o CEAP-SOL realizará uma ação especial com diversos serviços de saúde gratuitos, como testes rápidos de HIV, hepatites e sífilis, consultas médicas, exames de imagem e avaliação nutricional. A atividade será aberta à comunidade, o que também faz parte das comemorações pelos 29 anos da instituição.

Leia mais: STJ nega habeas corpus a dono de clínica no caso de órgãos com HIV

A queda de 10% nos novos casos de HIV em Goiânia é um sinal de progresso, mas a luta contra o vírus está longe de ser vencida. A conscientização, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento são fundamentais para reduzir ainda mais os números e proporcionar qualidade de vida às pessoas que convivem com o HIV. O Dezembro Vermelho reforça a importância de unir forças e continuar avançando rumo a uma sociedade mais informada e livre do estigma.

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