Dezembro Laranja: mês de conscientização e prevenção ao câncer de pele
Dermatologista destaca a importância do diagnóstico precoce e dos cuidados diários para evitar a doença mais comum no Brasil
O câncer de pele é o tipo de tumor maligno mais registrado no Brasil, representando cerca de 30% dos casos anuais, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Durante o verão, a maior exposição à radiação solar, combinada com calor, suor e umidade, intensifica a necessidade de cuidados específicos para proteger a pele. Dermatologistas alertam para a importância do uso diário do protetor solar e da observação regular de alterações na pele, ações que podem ser seguras para prevenir e tratar precocemente a doença.
Segundo o dermatologista José Roberto Fraga Filho, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a radiação ultravioleta emitida pelo sol é o principal fator desencadeador do câncer de pele. “Os raios ultravioletas provocam alterações no DNA celular, o que pode levar ao desenvolvimento de uma neoplasia”, explica. Para ele, a campanha Dezembro Laranja é fundamental para educar a população sobre os riscos da exposição solar e estimular hábitos de proteção que podem salvar vidas.
De acordo com o INCA, o câncer de pele não melanoma afeta mais mulheres, com cerca de 118.570 casos anuais, em comparação aos homens, que abrange 101.920 casos por ano. Uma explicação para essa maior incidência entre as mulheres é que elas costumam procurar o médico com mais frequência, o que possibilita um diagnóstico precoce e mais frequente. Ainda assim, os cânceres de pele, em geral, são causados principalmente pela exposição crônica à radiação ultravioleta, que provoca danos cumulativos no DNA das células. O risco ainda é maior em pessoas acima de 60 anos, que tiveram exposição solar prolongada ao longo da vida, sendo este grupo mais vulnerável ao desenvolvimento da doença.
A importância da identificação precoce
A detecção precoce é essencial para tratar o câncer de pele de forma eficaz e minimizar complicações. Para ajudar na identificação de sinais suspeitos, os dermatologistas recomendam uma regra do ABCDE. Essa metodologia avalia características específicas de pintas e manchas: assimetria, bordas irregulares, presença de vários núcleos em uma única lesão, diâmetro superior a 0,6 cm e evolução no tamanho ou aparência. Pintas que apresentam qualquer uma dessas características devem ser examinadas por um especialista.
O câncer de pele se divide em dois tipos principais: não melanoma e melanoma. O câncer de pele não melanoma é o mais comum e possui menor taxa de mortalidade. Dentro desse grupo, destacam-se o carcinoma basocelular, que afeta as camadas mais profundas da epiderme e é menos agressivo, e o carcinoma espinocelular, que atinge as camadas superiores da pele e pode causar danos prejudiciais se não tratados. Já o melanoma, embora menos frequente, é o mais agressivo. Originado nas células produtoras de melanina, possui alto potencial de metástase, podendo se espalhar para outros órgãos. Contudo, quando identificado nas fases iniciais, o melanoma apresenta boas chances de cura.
O Dr. José Roberto enfatiza que o acompanhamento médico regular é indispensável, especialmente para pessoas de grupos de risco, como aquelas com pele clara ou histórico familiar de câncer de pele. “A consulta com o dermatologista é uma oportunidade para identificar alterações que possam passar despercebidas no dia a dia, garantindo um diagnóstico precoce e aumentando as chances de cura”, ressalta.
Hábitos simples que salvam vidas
A melhor maneira de evitar o câncer de pele é adotar medidas preventivas simples, mas eficazes. O uso diário de protetor solar, com fator de proteção adequado, é essencial, mesmo em dias nublados ou frios. Evitar a exposição ao sol nos horários de maior intensidade, entre 10h e 16h, e usar roupas que cubram a pele, além de chapéus e óculos de sol, ajudam a reduzir significativamente o risco.
Manter a pele hidratada também é importante, pois o ressecamento causado pelo calor pode torná-la mais vulnerável a danos. Produtos específicos para o tipo de pele de cada pessoa devem ser usados para garantir proteção e saúde durante o verão. Além disso, a realização de autoexames regulares é uma medida acessível e poderosa na detecção de sinais precoces de câncer.
Para o Dr. Fraga, a conscientização promovida até Dezembro Laranja deve ser encarada como um ponto de partida para mudanças permanentes. “A campanha não é apenas sobre o mês de dezembro, mas sobre a importância de manter a pele protegida durante o ano inteiro. Prevenção é o melhor caminho para evitar complicações”, destaca.
Dezembro Laranja
Em dezembro, a campanha Dezembro Laranja, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, busca sensibilizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de pele. Por meio de ações educativas, a iniciativa incentiva hábitos como o uso de protetor solar, a preferência por locais com sombra e o acompanhamento dermatológico periódico.
A conscientização é especialmente importante no Brasil, onde a exposição ao sol é intensa e prolongada devido ao clima tropical. Pessoas com pele clara, olhos claros, cabelos loiros ou ruivos, além de albinos, estão entre os grupos mais vulneráveis. Apesar disso, o câncer de pele pode afetar qualquer pessoa, independentemente das características genéticas, sendo crucial que toda a população adote medidas preventivas.
Tratamentos e qualidade de vida
Os tratamentos para o câncer de pele variam de acordo com o tipo e estágio da doença. Entre as opções estão cauterizações, aplicações de ácido ou nitrogênio líquido e procedimentos urgentes, especialmente em casos mais avançados. Quando identificado precocemente, o tratamento é mais simples e os efeitos estéticos e funcionais são minimizados.
“O câncer de pele é uma realidade que não pode ser ignorada, mas com as ferramentas corretas, como proteção solar, autoexame e consultas médicas regulares, é possível reduzir significativamente os casos e garantir mais qualidade de vida”, conclui o Dr. Com sua experiência, ele reforça que a educação da população é um pilar essencial para combater a doença de maneira eficiente e acessível.