Entregador jogado de ponte por PM deixa São Paulo por medo de represálias
O jovem decidiu sair da cidade por temer represálias
O entregador Marcelo Barbosa Amaral, de 25 anos, deixou a cidade de São Paulo na última terça-feira (4/12) após ser jogado de ponte por um policial militar. O caso aconteceu na madrugada de segunda-feira (2/12), na Rua Padre Antônio Gouveia, na zona sul da capital paulista. Segundo familiares e vizinhos, o jovem decidiu sair da cidade por temer represálias.
Marcelo residia no bairro de Americanópolis, onde vivia há seis anos. Ele foi visto pela última vez na região na tarde de terça-feira, mas teria saído pouco depois. O endereço onde morava está vinculado à motocicleta apreendida durante a abordagem policial.
Homem jogado de ponte
Segundo testemunhas, a abordagem ocorreu por volta das 21h, quando policiais militares monitoravam jovens que circulavam em motos nas proximidades de um baile funk. Marcelo teria passado pelo local algumas vezes até ser abordado pelos agentes.
Relatos indicam que, após ser arremessado da ponte, Marcelo caiu no Córrego do Cordeiro, de uma altura de aproximadamente três metros. Mesmo ferido, ele conseguiu sair caminhando do local, com a cabeça machucada. Em seguida, os policiais teriam retornado ao local com reforço e impedido a aproximação de moradores.
Uma das testemunhas contou que Marcelo tentou dialogar com os policiais antes de ser jogado, afirmando que não queria perder a moto, já que era entregador. Outra testemunha relatou que, após o incidente, os policiais se retiraram, mas não registraram o ocorrido no relatório oficial da PM.
Investigação e pedido de prisão
O caso ganhou repercussão após a divulgação de um vídeo que mostra o momento em que o policial militar arremessa Marcelo da ponte. O soldado Luan Felipe Alves Pereira, do 24º Batalhão da Polícia Militar, foi identificado como o autor da ação. Outros 12 policiais que participaram da operação também foram afastados das ruas.
A Corregedoria da Polícia Militar solicitou a prisão de Luan Felipe ao Tribunal de Justiça Militar, que analisa o pedido. A defesa do policial ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.
Em depoimento preliminar, os policiais envolvidos descreveram a ocorrência como uma perseguição a suspeitos que fugiram em direção a um baile funk. No registro interno, informaram que houve disparos de arma de fogo durante a ação, mas omitiram o incidente em que Marcelo foi arremessado da ponte. Somente após a divulgação do vídeo, a corporação formalizou a abertura de um inquérito.
O Centro de Comunicação da PM informou que, horas após a perseguição, um homem foi internado no Hospital Municipal de Diadema com ferimento de arma de fogo na região dorsal. O disparo transfixou o corpo da vítima. Marcelo está estável e passará por cirurgia.
O governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, repudiaram a conduta do policial. Tarcísio afirmou que o PM envolvido “não está à altura de usar a farda” da corporação. Derrite determinou o afastamento imediato dos policiais e garantiu que nenhum desvio de conduta será tolerado.