Pessoas brancas recebem 67,7% a mais por hora trabalhada
Dados do IBGE revelam uma das faces da desigualdade racial no país. Disparidade está presente em todas as escolaridades
Divulgada na quarta-feira, 4 de novembro, a nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a hora trabalhada de uma pessoa branca equivale a 67,7% mais do que a de trabalhadores pretos e pardos. Enquanto negros recebem R$ 13,70 em média, os brancos recebem R$ 23.
Ao observar a diferença racial pela escolaridade, foi possível notar que a remuneração por hora dos indivíduos brancos é superior a dos negros em todos os níveis de escolaridade. No caso de pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, essa diferença chega a 30%.
A desigualdade se torna ainda mais acentuada entre os profissionais com nível superior completo, onde os brancos ganham, em média, 43,2% a mais por hora trabalhada – R$ 40,24, em comparação a R$ 28,11 dos demais.
A pesquisa também revela o grau de desigualdade no rendimento médio real da população. Enquanto a média salarial no Brasil é de R$ 2.979, os brancos recebem, em média, R$ 3.847, o que representa uma diferença de 69,9% em relação aos negros, cujo salário médio é de R$ 2.264.
Ao analisar dados de 2019, o último ano antes da pandemia da covid-19, a pesquisadora Denise Guichard Freire, do IBGE, observa que a desigualdade racial relacionada à renda teve uma leve diminuição, já que em 2019 este índice era de 74,9%. Contudo, essa discrepância ainda se encontra em um nível “extremamente elevado”.
“Pretos ou pardos normalmente estão inseridos em ocupações que pagam menos, como construção, agropecuária, serviço doméstico; enquanto a população branca normalmente está inserida em ocupações que pagam rendimento maior, como informação e comunicação e administração pública. Essa diferença estrutural que acontece no rendimento médio real permanece”.
Embora tenha ocorrido uma diminuição entre 2019 e 2023, ao examinar a desigualdade racial na média salarial nos dois anos mais recentes da pesquisa (2022 e 2023), constata-se que a disparidade aumentou de 65% para 69,9%.
Segundo Denise Freire, esse fenômeno está relacionado à posição que as pessoas ocupam em um ano caracterizado pela recuperação do mercado de trabalho.