Ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, é solto após prisão
Pollara sofreu infarto na prisão
O ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, foi liberado da prisão na madrugada deste sábado (7/12), após decisão do Ministério Público de Goiás (MP-GO). O órgão concluiu que não havia fundamentos para converter a prisão temporária em preventiva. Ele estava detido desde o início da semana, durante a Operação Comorbidade, que investiga irregularidades na gestão da saúde municipal.
Além de Pollara, o secretário executivo Bruno Vianna Primo e o diretor financeiro Quesede Ayres Henrique também foram soltos no mesmo dia. A Diretoria-Geral de Polícia Penal (DGPP) confirmou a liberação, que ocorreu por volta de 00h, na Casa do Albergado, localizada no Jardim Europa.
Investigação do ex-secretário de Saúde de Goiânia
De acordo com o MP-GO, a operação identificou concessões de vantagens indevidas em contratos e pagamentos feitos fora dos canais oficiais. As ações incluíram desrespeito à ordem cronológica de pagamentos e resultaram em prejuízos ao erário público.
Segundo os promotores, houve direcionamento de pagamentos a determinadas empresas credoras da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), enquanto outros credores foram preteridos. Em coletiva de imprensa, o promotor Rafael Correa Costa afirmou que pagamentos irregulares foram feitos “extra caixa”, sem registro na contabilidade pública.
“Identificamos o direcionamento de pagamentos a determinadas pessoas jurídicas credoras da Fundahc em detrimento de outros credores. Também verificamos pagamentos realizados de forma irregular, fora dos cofres ou caixas oficiais, sem a devida declaração na contabilidade pública”, explicou Correa Costa.
Os promotores também ressaltaram que o esquema agravou a crise da saúde pública em Goiânia. A dívida acumulada do município com unidades de saúde é estimada em R$ 300 milhões. Entre as entidades impactadas, a Fundahc enfrenta um passivo de R$ 121,8 milhões e já precisou suspender atendimentos em maternidades importantes.
Nota da defesa de Wilson Pollara
“A defesa disse que não há provas de materialidade delitiva por parte do cliente. Wilson Pollara não apenas não praticou qualquer tipo de crime à frente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), como, ao contrário, veio à Goiânia para tentar contribuir para a melhoria da atuação do órgão.
Com mais de 50 anos de carreira, mestrado e doutorado em clínica cirúrgica pela Universidade de São Paulo (USP) e uma gestão à frente da Secretaria Municipal de Saúde que se tornou sinônimo de eficiência, onde conseguiu zerar a fila de espera por exames, Pollara foi convidado para assumir a SMS, no ano passado, e colaborar para sanar os problemas da saúde em Goiânia.
Em todos os depoimentos das testemunhas ouvidas pelo MP-GO fica claro que a crise da dívida da SMS com prestadores de serviço e fornecedores já existia antes da vinda de Pollara, desde a gestão anterior do órgão, e que jamais houve qualquer tipo de prática ilegal, como suborno e propina, por parte do cliente.
Ao tentar solucionar os problemas da saúde em Goiânia, Pollara acabou perseguido e injustiçado. A defesa está certa de que irá conseguir comprovar a inocência de seu cliente que, neste momento, tem como foco principal buscar assistência médica para tratar de um câncer no rim, detectado durante a internação hospitalar nesta semana.”