Bolsonaro e aliados contestam prisão de Braga Netto
A PGR defende que a prisão de Braga Netto visa impedir possíveis interferências nas investigações.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma manifestação nas suas redes sociais no último sábado (14) contra a prisão preventiva do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa durante seu governo.
A detenção de Braga Netto, determinada pela Polícia Federal (PF), tem suspeitas de que ele teria tentado obter informações da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
“Há mais de 10 dias, o ‘inquérito’ foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP [Ministério Público]. Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, questionou Bolsonaro em suas redes sociais.
A prisão do general também provocou reações negativas entre outros aliados de Bolsonaro. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice-presidente entre 2019 e 2022, afirmou que a medida é um “atropelo” às leis. “O general Braga Netto não representa nenhum risco para a ordem pública, e a sua prisão nada mais é do que uma nova página no atropelo das normas legais a que o Brasil está submetido”, publicou Mourão no X (antigo Twitter).
A deputada Bia Kicis (PL-DF), líder da minoria na Câmara, também expressou dúvidas sobre as acusações contra Braga Netto. Em declaração à CNN, ela afirmou que não há evidências concretas de tentativa de golpe de Estado.
“Aquelas 800 e tantas páginas que colocaram de relatório, eu vi alguns trechos. Pessoas que leram, advogados que leram bastante, disseram que é tudo baseado em fantasias. Não tem nada de concreto”, disse Kicis, acrescentando que qualquer tentativa de golpe teria ocorrido enquanto Bolsonaro ainda era o chefe supremo das Forças Armadas.
Apesar das críticas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) argumenta que a prisão preventiva de Braga Netto foi necessária para impedir possíveis interferências nas investigações relacionadas ao caso.
Mauro Cid, em depoimento dado no dia 5 de fevereiro de 2024, afirmou que Braga Netto e outros intermediários tentaram obter detalhes de sua colaboração premiada por meio de contatos telefônicos com seu pai, o general Mauro Lourena Cid.
Além disso, o ex-ministro também é acusado de ser um dos articuladores de um plano para um possível golpe de Estado após o resultado das eleições presidenciais de 2022, em que foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro.
Leia mais: PF prende General Braga Netto por envolvimento em tentativa de golpe de estado