Chegada do verão e férias aumenta 20% os casos de afogamento
45% dos casos de afogamento ocorrem entre dezembro e março. Essa é a principal causa de mortes acidentais entre crianças de um a quatro anos
Foi dada a largada para as férias escolares, e com elas as crianças passam a ficar mais tempo dentro de casa, e a curiosidade e agitação requer atenção redobrada dos pais e mães. Isso porque durante esse período a quantidade de ocorrências envolvendo afogamento desses pequenos aumenta consideravelmente. Isso ocorre devido ao aumento da busca por locais com água, como sítios, chácaras, rios, lagos e até piscinas em casas ou clubes.
Em entrevista ao Jornal O HOJE, o tenente-coronel Lobo, assessor de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros de Goiás, comentou sobre o aumento significativo de casos de afogamento envolvendo crianças durante o período de férias escolares. Segundo ele, o verão, com suas altas temperaturas e crianças fora das atividades escolares, intensifica esse cenário.
“Muitas famílias procuram lazer em locais com água, e isso, infelizmente, acaba gerando mais ocorrências. Essas ocorrências estão, em grande parte, ligadas à falta de supervisão constante dos adultos e ao não uso de coletes salva-vidas”, pontuou.
O oficial enfatizou a relevância de os pais e responsáveis buscarem cursos de primeiros socorros. “É essencial que aqueles que não são da área de saúde conheçam os procedimentos básicos. O padrão inclui avaliar o nível de consciência da criança, verificar se respira e se tem pulso. Caso contrário, é necessário iniciar as manobras de reanimação cardiorrespiratória até a chegada do Corpo de Bombeiros”, destacou.
Ele reforçou que tais manobras precisam ser aprendidas na prática. “Explicar teoricamente é insuficiente; é preciso visualizar e praticar para executar corretamente”, explicou. Cursos de primeiros socorros podem ser realizados pelo Corpo de Bombeiros ou em locais certificados.
Estatísticas de socorro
Em 2023, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás atendeu 178 casos de afogamento. Em 2024, até o momento, foram registrados 131 casos. Apesar da redução, a prevenção ainda é essencial.
O tenente-coronel Lobo destacou que a prevenção é o melhor caminho e apresentou medidas preventivas que podem salvar vidas. Ele enfatizou a importância de uma supervisão constante dos responsáveis , alertando que as crianças nunca devem ficar desacompanhadas perto de água.
Além disso, ressaltou a necessidade de piscinas seguras, recomendando a instalação de cercas com longarinas verticais e visíveis autotravantes. O oficial também sugeriu aulas de natação para crianças aprenderem a nadar desde cedo, além de garantir dispositivos de segurança, como sistemas de desligamento automático e dispositivos anti-sucção nas piscinas.
De acordo com um levantamento da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), 45% dos casos de afogamento no Brasil ocorrem entre os meses de dezembro e março. Essa é a principal causa de mortes acidentais entre crianças de um a quatro anos. Os especialistas ressaltam que os pais e responsáveis devem manter uma atenção constante, já que qualquer recipiente com água, seja uma piscina ou mesmo um simples balde, pode se tornar uma armadilha fatal.
A pediatra Mirna de Sousa, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, destaca que a divulgação de informações preventivas é essencial para alertar a população sobre medidas de segurança em ambientes internos e externos.
“Muitas vezes, o desconhecimento do perigo leva as famílias a negligenciarem potenciais situações de risco. Cuidados simples, como não deixar água acumulada em recipientes dentro de casa – bacias, banheiras, baldes – são fundamentais. Sempre que utilizar, esvazie e mantenha o recipiente de cabeça para baixo para evitar o acúmulo de água. Isso impede que uma criança, movida pela curiosidade, possa se colocar em situação de perigo,” explica a especialista.
Cuidados em áreas aquáticas para evitar acidentes
Durante o verão e as férias escolares, observa-se um aumento significativo de acidentes e mortes por afogamento. “A busca por atividades de lazer em áreas com água, como piscinas, praias e rios, aumenta o risco para crianças e adolescentes. Mesmo aqueles que sabem nadar precisam ser supervisionados adequadamente. Uma criança pequena, mesmo sabendo nadar, pode não conseguir sair sozinha de uma piscina, o que é extremamente perigoso.”
No ambiente domiciliar, o cuidado deve ser redobrado. “Afogamentos podem ocorrer em baldes de limpeza, banheiras e bacias, mesmo com pequenas quantidades de água. Uma criança que engatinha ou começa a andar pode cair dentro desses recipientes e não conseguir sair, levando a sequelas graves ou até mesmo à morte. É crucial checar e preparar o ambiente para garantir a segurança. A supervisão deve ser constante.”
A pediatra explica que durante um acidente por submersão ou afogamento, ocorre uma privação de oxigênio no corpo, o que pode levar à morte ou causar sequelas neurológicas graves. “A falta de oxigênio resulta na morte de células cerebrais, comprometendo funções importantes e alterando permanentemente a vida da criança e de sua família.”
Ao identificar uma situação de risco ou um afogamento, é essencial agir rapidamente. “A primeira ação é gritar por ajuda, alertando pessoas ao redor. Isso pode ser decisivo para encontrar alguém com treinamento para realizar manobras de ressuscitação ou chamar os serviços de emergência, como o SAMU pelo 192. Caso seja seguro, retire a criança da água e verifique se ela está respirando. Se não houver resposta, inicie as manobras de ressuscitação cardiopulmonar.”
Mirna reforça que a conscientização e a prevenção são as melhores formas de evitar tragédias. “Com pequenas ações, é possível criar ambientes seguros e proteger nossas crianças. Supervisão constante, eliminação de riscos e respeito às normas de segurança são indispensáveis.”
Dicas para evitar acidentes
Supervisão constante: nunca deixe crianças sozinhas, principalmente em locais com acesso a água.
Restringir áreas perigosas: instale portões de segurança em áreas de serviço, banheiros e quintais com piscinas.
Esvazie recipientes após o uso: baldes, bacias e piscinas infantis devem ser guardados secos e fora do alcance.
Adote equipamentos de segurança: coletes salva-vidas são indispensáveis em piscinas e passeios aquáticos.
Tampas de segurança: mantenha a tampa do vaso sanitário abaixada e, se possível, utilize travas para evitar o acesso.
Retire atrativos: brinquedos deixados próximos à piscina podem atrair as crianças.